Nobre: Brasil não pode esperar mais e precisa de política de adaptação
Já passou da hora de o Brasil adotar medidas de prevenção e educar a população para minimizar os efeitos de tragédias como a que devastou o Rio Grande do Sul, afirmou o climatologista e colunista Carlos Nobre no UOL News desta segunda (20).
Os eventos extremos de chuva muito forte aumentam em todo mundo, mas também foram previstos no Brasil e na região Sul. Se o país já tivesse de fato implementado uma política de adaptação, já deveríamos estar preparando muitas populações com aqueles estudos de 2014.
Em 2016, o Ministério do Meio Ambiente colocou qual seria uma política de adaptação, mas praticamente não implementamos nada. Não podemos esperar mais. Agora, tem que haver política de adaptação em todo o Brasil.
Esse evento no Rio Grande do Sul mostra o desafio que é. São centenas de bilhões de reais para criar locais seguros para esse grande número de gaúchos, e tem que se olhar isso para o Brasil todo. Carlos Nobre, colunista do UOL
Nobre criticou a postura do governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, que disse em entrevista à Folha de S.Paulo ter sido alertado sobre as fortes chuvas no estado, mas "que o governo também vive outras agendas".
Quando vem um alerta dessa natureza, com todos os elementos de que as chuvas seriam altíssimas, tem que ser tomada toda a atividade.
Quando um alerta chega para a Defesa Civil estadual, e é o governador quem a controla, isso tem que ser levado muito a sério. Não há como dizer que isso não era um assunto prioritário, haja visto o que aconteceu no Rio Grande do Sul com esse grande número de mortes e milhões de pessoas afetadas. Carlos Nobre, colunista do UOL
O climatologista explicou que, embora o trabalho de prevenção a eventos climáticos extremos tenha um custo elevado, a conta da omissão é muito mais alta.
Globalmente falando, os estudos mostram que o custo dos sistemas que não buscam adaptação aos extremos climáticos é quatro a cinco vezes maior do que o de fazer a transição e tornar todas as populações e sistemas resilientes a estes eventos.
É uma ignorância total do sistema econômico e fiscal não perceber que é muito pior não fazer nada. Esses eventos levam à morte de milhares de pessoas. Isso é inadmissível. Mesmo que economicamente fosse muito alto o custo de proteger a vida das pessoas, vale muito mais. Carlos Nobre, colunista do UOL
Tales: Leite jogou com a sorte ao escolher prioridade ideológica
Eduardo Leite se complicou e mostrou ter feito uma escolha ideológica no combate às enchentes no estado, afirmou Tales Faria. Para o colunista, o governador do Rio Grande do Sul repete os erros cometidos por outros gestores ao ignorar os alertas dos especialistas e "culpar" a natureza pela tragédia no estado.
Leite se complica. Ele jogou com a sorte, como faz a maioria dos gestores cuja postura é a de não cuidar de bueiro e de esgoto porque o povo não vê, mas tratar de outras coisas que podem mostrar às pessoas para tentar se reeleger. Leite fez exatamente a mesma coisa.
Leite escolheu organizar as contas como prioridade, conforme o caminho ideológico dele. Foi com ela que ele fez aquele vídeo triste no qual pediu que não continuassem com as doações porque competiriam com o comércio local. Ali, Leite mostrou qual era a prioridade dele. Tales Faria, colunista do UOL
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Quero receberPrefeito de Bento Gonçalves: Turismo não vai parar, voltaremos no inverno
Apesar da destruição causada pelas enchentes, a cidade de Bento Gonçalves terá condições de receber turistas no inverno, afirmou o prefeito Diogo Segabinazzi (PSDB) O gestor ainda ressaltou que não é momento para politizar a ajuda às vítimas das inundações.
Perdemos hectares e hectares de parreiras. Mas, ao mesmo tempo em que tivemos dificuldades, os setores turísticos não foram afetados. É importante separar uma coisa da outra. Meu grande problema foi na zona norte do município. A zona turística, no centro de Bento Gonçalves, não foi afetada.
Houve danos, sim, mas consigo recuperar em semanas. Toda a rede hoteleira e os restaurantes não foram afetados. Haverá uma força-tarefa para fazermos uma recuperação inicial e conseguir acessar cidades maiores na região, como Caxias do Sul, e Porto Alegre. Em questão de um mês, estaremos plenos na questão do turismo aqui. Diogo Segabinazzi (PSDB), prefeito de Bento Gonçalves
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