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Cientista Carlos Nobre entra para grupo de Guardiões Planetários

O cientista Carlos Nobre Imagem: Divulgação

de Ecoa

em São Paulo

24/05/2024 17h45

Referência mundial em estudos sobre mudanças climáticas, o cientista brasileiro Carlos Nobre, 73, foi anunciado nesta sexta-feira (24) como novo integrante dos Planetary Guardians (Guardiões Planetários, em tradução literal), grupo de pesquisadores e ativistas criado pelo bilionário Richard Branson. Ele é o primeiro brasileiro a fazer parte do grupo.

O climatologista está engajado em desenvolver um novo modelo econômico para manter a floresta amazônica em pé, aliando o uso de tecnologias de última geração com o conhecimento tradicional dos povos da região, com o Projeto Amazônia 4.0.

"Nós temos enormes desafios aqui no Brasil, desafios das mudanças climáticas, da proteção da biodiversidade e de todos os ecossistemas, da proteção de nossos povos indígenas e comunidades locais em todos os biomas brasileiros. O Brasil tem a maior biodiversidade do planeta. Então nós temos uma enorme responsabilidade de proteger o planeta, de sermos guardiões do planeta e é muito bom que agora toda essa proteção dos biomas brasileiros, das populações brasileiras, elas também estejam com alta ênfase agora nos Guardiões Planetários. São várias pessoas importantes, ex-políticos, pessoas do setor privado e grandes cientistas, então é muito bom que o Brasil possa trazer todas as suas considerações e preocupações na busca de soluções para salvarmos todo o planeta, salvarmos a natureza e também toda a natureza do Brasil", disse o cientista a Ecoa.

Nobre dedicou sua carreira científica para pesquisar os riscos de empurrar a Amazônia em direção a um grande ponto de inflexão, impulsionado pelo aquecimento global, desmatamento e incêndios florestais.

"A Floresta Amazônica é o coração biológico do planeta, com pelo menos 13% da biodiversidade mundial. Aproximadamente 28 milhões de pessoas vivem na Amazônia brasileira, incluindo muitos Povos Indígenas, afrodescendentes e comunidades ribeirinhas que preservam a floresta há centenas de anos. Investir nestas pessoas e garantir que possam proteger a floresta amazônica é um dos melhores investimentos que podemos fazer para preservar nosso sistema de suporte de vida compartilhado", destaca o cientista.

De acordo com o trabalho do brasileiro, o aquecimento global de 2 °C a 2,5 °C, junto com 20% a 25% de desmatamento na Amazônia poderia representar um ponto de inflexão que teria implicações perigosas para o mundo.

Nobre fez parte da equipe internacional de cientistas que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007. Junto com o ex-vice-presidente americano Al Gore, os pesquisadores do IPCC (painel da ONU sobre mudanças climáticas) foram premiados pelo papel de alertar sobre os riscos do aquecimento global e lutar pela preservação ambiental.

O membro dos Guardiões Planetários Johan Rockström, cofundador do Stockholm Resilience Centre e diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre Impacto Climático, criou, com sua equipe, o conceito de limites planetários. São fronteiras importantes para manter o equilíbrio da Terra e que, se cruzadas, aumentam o risco de mudanças drásticas em grande escala no planeta.

"Nossa única chance de um pouso climático seguro é uma abordagem unificada na qual retornamos simultaneamente ao espaço seguro para todos os Limites Planetários, em particular os limites da biosfera de biodiversidade, terra e água", explica Rockström.

Para Richard Branson, fundador do Virgin Group, Virgin Unite e membro do Conselho Consultivo dos Guardiões Planetários, "a necessidade de ação nunca foi tão urgente. Nosso planeta, o único lar que temos, está em mau estado. Apesar disso, há esperança. O gênio da ciência dos Limites Planetários alerta sobre os riscos e oferece um roteiro para permanecer dentro dos limites do nosso planeta. Trabalhando juntos, podemos tornar o planeta em um lugar melhor para nossos filhos e netos."

O evento também homenageou o trabalho dos cientistas indígenas Braulina Baniwa, ativista pelos direitos das Mulheres Indígenas e mestranda em Antropologia Social na Universidade de Brasília; Francisco Apurinã, que está trabalhando com a Universidade de Helsinki pesquisando mudanças ecológicas em uma perspectiva indígena; Sineia Bezerra do Vale, gestora ambiental da Terra Indígena Serra da Lua, autoridade do clima no Brasil, indicada para copresidente do Fórum Internacional de Povos Indígenas para o Clima, mestranda em Desenvolvimento Sustentável junto a Povos e Territórios Tradicionais (MESPT) , na Universidade de Brasília, autora de "Amazad Pana'Adinham: Perspectiva Indígena sobre Mudança Climática em Serra da Lua", a primeira publicação indígena brasileira sobre mudança climática; e Cristiane Gomes Julião, PhD em Antropologia Social no Museu Nacional/UFRJ, focando em direitos humanos, Povos Indígenas e meio ambiente.

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