Níveis de gases destruidores da camada de ozônio caem pela 1ª vez

Um novo estudo demonstrou o sucesso do Protocolo de Montreal assinado em 1987 ao mostrar uma redução significativa dos níveis atmosféricos de hidroclorofluorocarbonos (HCFCs), gases nocivos que destroem a camada de ozônio.

O objetivo do Protocolo de Montreal era eliminar gradualmente as substâncias que destroem o ozônio presentes principalmente em refrigeradores, aparelhos de ar-condicionado e nos aerossóis.

Liderada pela Universidade de Bristol e publicada nesta terça-feira (11) na revista Nature Climate Change, a pesquisa revelou pela primeira vez uma diminuição notável nos níveis atmosféricos dessas potentes substâncias destruidoras do ozônio (SDO) que contribuem para o aquecimento global.

O estudo confirma a importância de acordos internacionais para a mitigação do aquecimento global. A primeira etapa do acordo consistiu em eliminar os clorofluorcarbonetos (CFC), e agora todos os os setores industriais envolvidos esperam conseguir eliminar os hidroclorofluorcarnonetos (HCFC) que os substituíram até 2040.

Os HCFCs foram desenvolvidos como substitutos dos clorofluorocarbonos (CFCs). Embora a produção de CFCs tenha sido banida globalmente em 2010, a produção e o uso de HCFCs estão sendo eliminados gradualmente.

"Os resultados são muito encorajadores. Eles ressaltam a grande importância de estabelecer e cumprir protocolos internacionais", diz o autor principal da pesquisa, Luke Western, bolsista Marie Curie na Escola de Química da Universidade de Bristol.

"Sem o Protocolo de Montreal, esse sucesso não teria sido possível, então é uma aprovação retumbante dos compromissos multilaterais para combater a destruição da camada de ozônio estratosférica, com benefícios adicionais no combate às mudanças climáticas induzidas pelo homem", completa.

Os HCFC alcançaram seu nível máximo de concentração em 2021, cinco anos antes das projeções.

"Foi um grande sucesso global. Estamos vendo que as coisas vão na direção correta", disse à AFP o autor principal do estudo, Luke Western, da Universidade de Bristol no Reino Unido.

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O estudo examinou os níveis de poluentes na atmosfera utilizando dados do Experimento Avançado de Gases Atmosféricos Globais (AGAGE) e da NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA).

Western atribuiu a forte diminuição dos HCFC à eficácia do Protocolo de Montreal, assim como a regulações nacionais mais estritas e a uma mudança de mentalidade por parte da indústria, para antecipar a próxima proibição a esses contaminantes.

"Em termos de política ambiental, há certo otimismo de que esses tratados ambientais podem funcionar se forem implementados e seguidos corretamente", disse Western.

Tanto os CFC como os HCFC também são potentes gases de efeito estufa, o que significa que sua diminuição também ajuda na luta contra o aquecimento global.

"A produção está sendo eliminada globalmente, com data de conclusão prevista para 2040. Em troca, esses HCFCs estão sendo substituídos por hidrofluorocarbonos (HFCs) não destrutivos do ozônio e outros compostos. Ao aplicar controles rigorosos e promover a adoção de alternativas amigáveis ao ozônio, o protocolo conseguiu conter a liberação e os níveis de HCFCs na atmosfera", diz Western, destacando que os CFC podem durar centenas de anos na atmosfera, enquanto os HCFC têm uma vida útil de cerca de duas décadas.

Mesmo depois de sair de circulação, o uso anterior desses produtos continuará a afetar a camada de ozônio nos próximos anos.

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"Usamos técnicas de medição altamente sensíveis e protocolos rigorosos para garantir a confiabilidade dessas observações," disse o coautor Martin Vollmer, cientista atmosférico nos Laboratórios Federais Suíços para Ciência e Tecnologia de Materiais (EMPA).

Para Isaac Vimont, cientista pesquisador da NOAA, o "estudo destaca a necessidade crítica de ser vigilante e proativo em nosso monitoramento ambiental, garantindo que outros gases destrutivos do ozônio e gases de efeito estufa controlados sigam uma tendência semelhante, o que ajudará a proteger o planeta para as futuras gerações."

O Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) estimou em 2023 que poderia levar quatro décadas para que a camada de ozônio se recuperasse aos níveis anteriores à detecção do buraco na década de 1980.

(*com informações da AFP)

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