Topo

ESG

Práticas ambientais, sociais e de governança no mundo dos negócios


Mãe Terra compensa 45 anos de uso de plástico sem previsão de excluí-lo

Produtos Mãe Terra, empresa brasileira de produtos naturais e orgânicos Imagem: Pedro Monteiro/Divulgação

Antoniele Luciano

Colaboração para Ecoa

19/07/2024 04h00

Quarenta e cinco anos de produção. Esse foi o período que a Mãe Terra, empresa brasileira de produtos naturais e orgânicos, decidiu compensar de resíduos de plástico flexível gerados. Ao todo, foram compensadas mil toneladas do plástico, um material de difícil reciclagem no país, além de feito a partir de combustíveis fósseis. O cálculo considerou esse tipo de resíduo colocado no mercado desde a fundação da companhia. É o caso das embalagens de granola, o carro-chefe da marca.

Na prática, o volume compensado é o dobro da quantidade de plástico flexível gerado ao longo desses anos. "Ao analisar esse volume, percebemos que otimizamos o número de embalagens por muito tempo, reduzindo porcentagens, gramaturas. Por isso, decidimos dobrar o volume para ter certeza de que tudo seria compensado", explica Rodrigo Visentini, líder de Nutrição da Unilever, que comprou a marca em 2017.

Com o volume calculado, a empresa decidiu então comprar essa quantidade de plástico flexível disponível no mercado. O material foi enviado para recicladoras parceiras, que o transformam em resina. Todo esse resíduo deve ser convertido em tampas para produtos de higiene e beleza, como xampu, sabão em pó e amaciante. Os itens fazem parte do portfólio da Unilever.

Segundo Visentini, a transformação da matéria-prima em plástico rígido para as tampas ainda está em andamento porque depende do processo produtivo de cada uma das marcas envolvidas.

O projeto encontrou uma alternativa para um material, o plástico rígido reciclado, cuja legislação brasileira não permite que seja utilizado para acondicionar alimentos. "Não conseguimos transformar em outra embalagem flexível para Mãe Terra, mas conseguimos reintegrar o resíduo à cadeia", acrescenta Visentini. A iniciativa está influenciando outras empresas do grupo, como a Knorr. O plástico flexível das embalagens do Sopão também começou a ter uma destinação semelhante à dos produtos da Mãe Terra.

No futuro, será papel

Apesar de trazer no portfólio produtos com papel reciclado e plástico rígido na composição das embalagens, o gargalo para destinação final de resíduos da Mãe Terra estava concentrado no plástico flexível, segundo a empresa. Hoje, os cartuchos de papel com produtos da marca, como aveia e quinoa, têm 50% de material reciclado e são 100% recicláveis. Já as caixas de embarque e displays têm uma média de 43% de material reciclado na composição e também são totalmente recicláveis.

Com a compensação do plástico flexível dos últimos 45 anos, Visentini assinala que a empresa tem planos para substituir as embalagens plásticas por caixas de papel reciclado, mas que ainda não há uma previsão de quando isso deve ocorrer. Enquanto isso, a reciclagem não é vista como uma solução, mas como uma medida paliativa para a questão do plástico. "Ainda temos uma questão complicada, que é a barreira que os alimentos precisam para não estragar, principalmente quando falamos de alimentos que não têm conservantes artificiais", diz.

O que mais precisa ser feito

A Mãe Terra também está buscando formas de compensar suas emissões de CO2 na atmosfera. A compensação do primeiro (5,3%) e do segundo (0,4%) escopos do inventário de carbono, que tratam das emissões diretas das operações controladas pela empresa e das emissões advindas da geração de eletricidade, aquecimento ou resfriamento consumidos pela Mãe Terra, respectivamente, vem sendo trabalhada por meio de um biodigestor na planta da fábrica.

A estrutura transforma resíduos de maionese da marca Hellmann's, outra empresa da Unilever, no biogás que abastece os fornos da Mãe Terra para a produção de granola.

Dos três escopos do inventário, o terceiro é o mais desafiador, como para a maioria das empresas - e, no caso da Mãe Terra, envolve 94,3% das emissões. Esse escopo abrange as emissões indiretas de CO2 que ocorrem ao longo da cadeia de fornecimento e do ciclo de vida dos produtos. A compensação, diz o porta-voz da Unilever, deve ocorrer neste ano por meio de projetos de descarbonização em linha com a agricultura regenerativa.

Inscreva-se na newsletter "Negócios Sustentáveis" para receber conteúdo sobre ESG gratuitamente no seu email toda segunda-feira.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Mãe Terra compensa 45 anos de uso de plástico sem previsão de excluí-lo - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


ESG