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Fumaça chegou longe: animação mostra o impacto das queimadas no Brasil

Imagens do sistema Copernicus mostram impacto das queimadas na América do Sul Imagem: MetSul/Copernicus

Do UOL, em São Paulo

09/08/2024 05h30

A alta de queimadas no Brasil nos últimos dias fez a fumaça se espalhar por diversos estados. Uma animação feita pela MetSul a partir de imagens produzidas pelo Copernicus, o programa de observação da Terra da União Europeia, mostra uma projeção do deslocamento da fumaça entre os dias 6 e 10 de agosto.

O que aconteceu

Os biomas mais afetados, segundo o Copernicus, são a Amazônia e o Pantanal. Só no estado do Amazonas, o total estimado de emissões de gases por incêndios em julho de 2024 é três vezes maior do que o total observado no mesmo mês em 2023 e 2022. No Pantanal, desde 2024, o fogo já consumiu 1,3 milhão de hectares, alcançando 8,7% do bioma, segundo dados do Lasa-UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro).

De acordo a MetSul, as correntes de vento ajudaram a fumaça das queimadas a se espalhar por muitas áreas. Na animação divulgada pela MetSul, é possível observar a fumaça atingindo quase todas as regiões brasileiras.

Qualidade de ar diminuiu especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. A Climatempo divulgou nesta quarta-feira que os níveis de poluição nas regiões estão muito acima das diretrizes da OMS (Organização Mundial da Saúde). Entre as cidades que registraram altos níveis material particulado fino estão Humaitá (AM), Porto Velho, Cacoal (RO) e Santo Antônio do Leverger (MT). Só em Humaitá, o valor encontrado é 17,5 vezes maior que o limite recomendado pela OMS. A presença desse material no organismo pode causar doenças respiratórias e cardiovasculares.

Frente fria pode ajudar a dispersar rastro de fumaça. A expectativa é que uma frente fria avance nos próximos dias, fazendo com que a atmosfera fique mais livre da fumaça.

Além do Brasil, a Bolívia também registrou grandes incêndios. Segundo monitoramento do Copernicus, a segunda quinzena de julho foi marcada por uma alta do fogo na Bolívia e em partes da Amazônia brasileira. Observou-se um aumento de intensidade dos incêndios em comparação ao que é observado no período. Dados do GFAS (Sistema Global de Assimilação de Fogo), também da Copernicus, mostram que, ao longo de 2024, o país tem registrado as maiores emissões totais estimadas de incêndio em relação aos 21 anos anteriores.

Mudanças climáticas e incêndios no Pantanal

Os incêndios no Pantanal ficaram 40% mais intensos, segundo estudo da WWA (World Weather Attribution). As condições quentes, secas e de vento causadas pelo aquecimento global tornaram as queimadas de quatro a cinco vezes mais prováveis.

O aumento no risco de incêndios é resultado principalmente do aumento das temperaturas e da diminuição da precipitação e da umidade relativa. Antes, condições similares para incêndios em junho eram raríssimas, ocorrendo uma vez a cada 160 anos. Agora, essas condições são esperadas a cada 35 anos.

Os incêndios deste ano no Pantanal têm o potencial de se tornarem os piores de todos. Esperam-se condições ainda mais quentes ao longo deste mês e dos próximos meses, e há uma ameaça considerável de que os incêndios possam queimar mais de três milhões de hectares.
Filippe Lemos Maia Santos, um dos cientistas envolvidos no estudo, em nota divulgada pelo WWA

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