Greenpeace flagra volta de garimpeiros à Terra Indígena Sararé (MT)
de Ecoa
22/08/2024 17h06
Em sobrevoo na Terra Indígena Sararé, em Mato Grosso, uma equipe do Greenpeace Brasil confirmou as denúncias que havia recebido na quarta-feira (21) sobre a volta de garimpeiros à região e constatou a destruição causada pelo garimpo. Perto da área indígena, foram vistas dezenas de escavadeiras, frequentemente utilizadas no garimpo ilegal na Amazônia.
A TI Sararé, demarcada em 1985 e lar do povo Nambikwara, abriga cerca de 250 indígenas distribuídos em sete aldeias. Com 67 mil hectares, a área tem sido destruída desde 2023 pela intensificação do garimpo. Além do impacto ambiental, a atividade ilegal avança perigosamente, chegando a apenas 200 metros das aldeias.
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Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), compilados pelo Greenpeace, revelam que os alertas de garimpo na TI Sararé aumentaram drasticamente nos últimos anos. Em 2020, eram 7,2 hectares; em 2021 e 2022, os números subiram para 43 e 36 hectares, respectivamente.
Em 2023, os alertas de novos garimpos saltaram para 273 hectares, tendo sido a TI Sararé a segunda em alertas de garimpo no ano passado (a primeira foi a TI Yanomami, com 384 hectares). De janeiro a julho de 2024, a TI Sararé já soma 570 hectares de novos alertas de garimpo. De acordo com dados de 2022 do Ministério Público Federal, a TI Sararé tem cerca de 5 mil garimpeiros.
Em julho deste ano, uma operação conjunta de Polícia Federal, Ibama e outros órgãos federais tentou remover os invasores e destruir o maquinário utilizado no garimpo. No entanto, as imagens registradas pelo Greenpeace mostram que as escavadeiras continuam presentes na região.
"As ações recorrentes de comando e controle do governo federal nas terras indígenas são insuficientes para resolver o problema do garimpo na Amazônia. As operações das forças de segurança e órgãos de proteção ambiental também não têm sido suficientes para desmontar as organizações criminosas que seguem financiando a expansão do garimpo na região", diz o porta-voz do Greenpeace Brasil, Danicley de Aguiar, em comunicado à imprensa.
Na nota, o Greenpeace Brasil destaca a necessidade de maior controle sobre o comércio de escavadeiras, um dos principais desafios na proteção das terras indígenas. A organização pede ao Ministério do Meio Ambiente que inclua vendedores e compradores de escavadeiras no Cadastro Técnico Federal (CTF), permitindo rastreabilidade e facilitando investigações. A TI Sararé liderou as apreensões de escavadeiras em 2023, com 29 máquinas confiscadas, mas a falta de regulação dificulta a identificação dos responsáveis.
"As escavadeiras, frequentemente escondidas na floresta ou em cidades próximas para evitar a fiscalização, são responsáveis pela devastação em larga escala e são peça chave para a viabilidade dos garimpos. Elas permitem a remoção rápida de grandes volumes de terra e, quando operadas de forma articulada, chegam a extrair de 1 kg por dia por frente de lavra", explica Aguiar.