Greenpeace flagra volta de garimpeiros à Terra Indígena Sararé (MT)

Em sobrevoo na Terra Indígena Sararé, em Mato Grosso, uma equipe do Greenpeace Brasil confirmou as denúncias que havia recebido na quarta-feira (21) sobre a volta de garimpeiros à região e constatou a destruição causada pelo garimpo. Perto da área indígena, foram vistas dezenas de escavadeiras, frequentemente utilizadas no garimpo ilegal na Amazônia.

A TI Sararé, demarcada em 1985 e lar do povo Nambikwara, abriga cerca de 250 indígenas distribuídos em sete aldeias. Com 67 mil hectares, a área tem sido destruída desde 2023 pela intensificação do garimpo. Além do impacto ambiental, a atividade ilegal avança perigosamente, chegando a apenas 200 metros das aldeias.

Currutelas e áreas de garimpo registradas na TI Sararé
Currutelas e áreas de garimpo registradas na TI Sararé Imagem: Fábio Bispo/Greenpeace

Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), compilados pelo Greenpeace, revelam que os alertas de garimpo na TI Sararé aumentaram drasticamente nos últimos anos. Em 2020, eram 7,2 hectares; em 2021 e 2022, os números subiram para 43 e 36 hectares, respectivamente.

Em 2023, os alertas de novos garimpos saltaram para 273 hectares, tendo sido a TI Sararé a segunda em alertas de garimpo no ano passado (a primeira foi a TI Yanomami, com 384 hectares). De janeiro a julho de 2024, a TI Sararé já soma 570 hectares de novos alertas de garimpo. De acordo com dados de 2022 do Ministério Público Federal, a TI Sararé tem cerca de 5 mil garimpeiros.

Em julho deste ano, uma operação conjunta de Polícia Federal, Ibama e outros órgãos federais tentou remover os invasores e destruir o maquinário utilizado no garimpo. No entanto, as imagens registradas pelo Greenpeace mostram que as escavadeiras continuam presentes na região.

"As ações recorrentes de comando e controle do governo federal nas terras indígenas são insuficientes para resolver o problema do garimpo na Amazônia. As operações das forças de segurança e órgãos de proteção ambiental também não têm sido suficientes para desmontar as organizações criminosas que seguem financiando a expansão do garimpo na região", diz o porta-voz do Greenpeace Brasil, Danicley de Aguiar, em comunicado à imprensa.

Escavadeira é vista perto da terra indígena
Escavadeira é vista perto da terra indígena Imagem: Fábio Bispo/Greenpeace

Na nota, o Greenpeace Brasil destaca a necessidade de maior controle sobre o comércio de escavadeiras, um dos principais desafios na proteção das terras indígenas. A organização pede ao Ministério do Meio Ambiente que inclua vendedores e compradores de escavadeiras no Cadastro Técnico Federal (CTF), permitindo rastreabilidade e facilitando investigações. A TI Sararé liderou as apreensões de escavadeiras em 2023, com 29 máquinas confiscadas, mas a falta de regulação dificulta a identificação dos responsáveis.

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"As escavadeiras, frequentemente escondidas na floresta ou em cidades próximas para evitar a fiscalização, são responsáveis pela devastação em larga escala e são peça chave para a viabilidade dos garimpos. Elas permitem a remoção rápida de grandes volumes de terra e, quando operadas de forma articulada, chegam a extrair de 1 kg por dia por frente de lavra", explica Aguiar.

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