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Verão de 2024 é o mais quente já registrado no hemisfério norte

Homem caminha em Las Vegas durante onda de calor nos EUA Imagem: Robyn Beck / AFP

Patrícia Junqueira

de Ecoa, em São Paulo

06/09/2024 10h04

O verão de 2024 no hemisfério norte foi o mais quente já registrado, com temperaturas globais superando todos os recordes anteriores, anunciou o serviço europeu de monitoramento climático Copernicus nesta sexta-feira (6), marcando uma tendência alarmante de aquecimento global.

O que aconteceu?

Os meses de junho, julho e agosto deste ano ultrapassaram em 0,69°C a média histórica de 1991 a 2020.

Na Europa, o aumento foi ainda mais significativo, com as temperaturas superando em 1,54°C a média do mesmo período.

As previsões indicam que 2024 tem grandes chances de se tornar o ano mais quente já registrado.

Países como Espanha, Japão, Austrália e China também enfrentaram níveis históricos de calor, especialmente durante o mês de agosto, que igualou o recorde de 2023, com a temperatura global média superando 1,5°C em 13 dos últimos 14 meses, segundo o Copernicus. O dado é relevante porque o Acordo de Paris de 2015 estabeleceu o limite de 1,5°C de aquecimento acima dos níveis pré-industriais.

Os dados mostram que os esforços para conter o aquecimento global estão abaixo do necessário. A humanidade emitiu aproximadamente 57,4 bilhões de toneladas de CO2 equivalente em 2022, mas ainda não houve uma redução significativa na poluição atmosférica.

Impactos das ondas de calor

No Oriente Médio, uma onda de calor em junho, durante a peregrinação anual a Meca, resultou na morte de pelo menos 1.300 pessoas.

Na Índia, temperaturas acima de 45°C desafiaram o sistema energético e causaram uma desaceleração econômica, agravada por chuvas de monção e inundações.

Nos Estados Unidos, incêndios mortais assolaram o oeste do país

No Marrocos, uma onda de calor brutal tirou 21 vidas em apenas 24 horas.

No Brasil, incêndios provavelmente causados pelo homem se espalharam com muita rapidez devido à seca

Reflexo dos oceanos

Os recordes de calor não são incidentes isolados, mas reflexos de um fenômeno maior: o aquecimento dos oceanos. Desde maio de 2023, as temperaturas das superfícies marítimas se mantêm em níveis extraordinários, intensificando a formação de ciclones e contribuindo para a amplificação dos eventos extremos.

Os oceanos, que cobrem 70% do planeta, absorveram 90% do excesso de calor gerado pela atividade humana, agravando ainda mais o cenário.

Os eventos extremos relacionados à temperatura testemunhados neste verão só se tornarão mais intensos, com consequências mais devastadoras para as pessoas e o planeta, a menos que tomemos medidas urgentes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Samantha Burgess, vice-diretora do serviço de mudança climática do Copernicus

Embora o superaquecimento atual não signifique que o planeta atingiu um novo patamar estável de aquecimento, ele aponta para uma trajetória preocupante. As temperaturas registradas em 2024 não eram vistas há pelo menos 120 mil anos, segundo estudos paleoclimáticos. O que torna esse cenário ainda mais alarmante é o fato de que esses extremos de calor estão diretamente associados à inação global frente à crise climática. Se não houver uma mudança significativa nas políticas e na redução das emissões, os impactos serão cada vez mais severos e irreversíveis.

O Copernicus também destacou a diminuição da extensão do gelo marinho tanto no Ártico quanto na Antártida, com uma redução de 17% e 7%, respectivamente, em relação à média histórica.

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