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G20 precisa de ação urgente para garantir crescimento verde, diz relatório

Relatório afirma que nações de renda mais alta e com maior responsabilidade pelas emissões históricas de gases de efeito estufa (GEE) devem liderar financiamento climático Imagem: Kim Kyung-Hoo/Reuters

Colaboração para Ecoa

23/10/2024 09h30

O crescimento verde é possível, mas os países do G20 precisam agir com urgência para promover a transição para uma economia de baixo carbono e limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900).

E isso precisa ser feito por meio de estratégias industriais verdes ambiciosas, de novas abordagens para governança global que priorizem a equidade e de políticas financeiras verdes orientadas em torno das NDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas), documentos que oficializam a contribuição de cada país para o sucesso do Acordo de Paris.

É o que indica o relatório independente "A Green and Just Planet" (em tradução literal, "Um Planeta Verde e Justo"), da Força-Tarefa para uma Mobilização Global contra a Mudança do Clima do G20, divulgado nesta quarta-feira (23), a menos de um mês da COP29, que ocorrerá em Baku, capital do Azerbaijão, e da Cúpula dos Líderes do G20 no Rio de Janeiro.

De acordo com o relatório, as nações de renda mais alta e com maior responsabilidade pelas emissões históricas de gases de efeito estufa (GEE) devem assumir um papel de liderança no financiamento necessário para essas estratégias.

"A crise climática é o resultado direto de como as políticas econômicas e financeiras foram projetadas tanto em nível doméstico quanto global", lembra o documento elaborado por 12 especialistas independentes em desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas, economia e finanças.

O grupo é coordenado pela italiana Mariana Mazzucato, professora de Economia da Inovação e Valor Público na University College London e diretora fundadora do Instituto de Inovação e Propósito Público da UCL, e pela camaronesa Vera Songwe, fundadora e presidente do Conselho do Mecanismo de Liquidez e Sustentabilidade e membro sênior não residente da Brookings Institution (EUA).

"Os modelos dominantes de crescimento econômico e desenvolvimento colocaram o mundo em um caminho insustentável, com graves consequências humanas, planetárias e econômicas", afirma o relatório.

Papel e responsabilidade

Responsáveis por 80% das emissões globais de GEE, os estados do G20 emitiram 57,4 GtCO2e (gigatoneladas de CO2 equivalente) em 2022. Para atingir a meta do Acordo de Paris, esse número deve ser reduzido a menos da metade (mais especificamente 27 GtCO2eq) até 2030.

Embora, de acordo com o relatório, essas nações devam atuar proporcionalmente à sua responsabilidade, assumindo um papel de liderança no fornecimento do financiamento necessário para concretizar novos caminhos de desenvolvimento, só dinheiro não é o suficiente. É preciso que se promova um alinhamento entre sistemas financeiros e estratégias industriais com as metas climáticas, fortalecendo a governança global de ambos para priorizar a equidade global.

Entre as recomendações está a adoção de estratégias industriais verdes orientadas em torno das NDCs (metas e compromissos de redução de emissões assumidos por cada signatário do Acordo de Paris). Isso inclui redesenhar as principais estruturas, ferramentas e instituições governamentais para apoiar sua implementação e garantir uma colaboração alinhada entre os setores público e privado, com o compartilhamento de riscos e recompensas.

"Vitalmente, os países do G20 devem liderar o caminho na criação de novas estruturas de governança global equitativas, na ampliação de compromissos com tecnologia verde equitativa e transferência de conhecimento, e na construção de capacidade de fabricação distribuída para garantir que todos os países possam concretizar o potencial da estratégia industrial verde."

Sem isso, o desenvolvimento econômico continuará a exceder os limites planetários, alerta o relatório.

Outra indicação é a promoção de uma estrutura financeira global que seja justa e acessível. "Embora todos os países do G20 tenham a responsabilidade de fazer essa mudança e, de fato, se beneficiem dela, está claro que nem todos os países — dentro e fora do G20 — têm espaço fiscal para investir em crescimento verde."

Isso envolve a capacitação de bancos nacionais de desenvolvimento para fornecer capital de longo prazo a custos mais baixos para países de baixa e média renda; incentivo a plataformas de países para direcionamento do financiamento para objetivos climáticos compartilhados; e medidas para garantir que as políticas dos bancos centrais mitiguem riscos financeiros relacionados ao clima e promovam as condições para mobilizar o financiamento do setor privado em direção a investimentos verdes.

"Sem um forte compromisso do G20 em perseguir essas metas, o mundo até 23 de outubro de 2024 continuará em uma trajetória insustentável com graves impactos nas gerações futuras", alerta o documento.

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