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Só um 'salto quântico' pode manter mundo nas metas climáticas, diz ONU

Nações devem se comprometer coletivamente a reduzir em 42% das emissões anuais de gases de efeito estufa antes de 2030 e em 57% até 2035 Imagem: GETTY IMAGES

De Ecoa*

24/10/2024 23h17

Sem uma "mobilização mundial" pelo clima, o mundo caminha para um aumento de 3,1ºC na temperatura ao longo deste século em relação à era pré-industrial, alerta o Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2024, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), a menos de um mês da COP29 no Azerbaijão. "Um aumento de tal magnitude provocaria consequências incapacitantes para as pessoas, o planeta e as economias", diz o documento.

Precisamos de uma mobilização mundial a uma escala e a um ritmo nunca vistos, uma mobilização que comece agora mesmo (...). Caso contrário, o objetivo do 1,5°C em breve morrerá. Inger Andersen, diretora-executiva do Pnuma

"As próximas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) precisam trazer um salto quântico de ambição, junto a ações de mitigação aceleradas nesta década para manter o aquecimento dentro dos limites do Acordo de Paris de 2015", afirma o relatório.

Para evitar superar os limites, as nações devem se comprometer coletivamente a reduzir em 42% das emissões anuais de gases de efeito estufa antes de 2030 e em 57% até 2035, avalia a ONU.

O mundo está "pagando um preço terrível" pela sua inação em relação ao aquecimento global, e o tempo está acabando para corrigir o rumo e evitar uma "catástrofe", alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, no lançamento do relatório.

"Existe um vínculo direto entre o aumento das emissões e as catástrofes climáticas cada vez mais frequentes e intensas. Em todo o mundo, as pessoas estão pagando um preço terrível", disse Guterres.

"Brincando com fogo"

A urgência é ainda maior porque, desde o ano passado, "muito pouco progresso foi feito no sentido de atingir as metas de 2030", enfatiza Anne Olhoff, redatora científica do relatório.

O relatório é um lembrete da "ladainha histórica de fracassos dos líderes mundiais em lidar com a crise climática com a urgência necessária", reagiu Tracy Carty, do Greenpeace International. "Mas ainda não é tarde demais", disse ela.

Estamos brincando com fogo (...), mas não há mais tempo a perder. António Guterres, secretário-geral da ONU

De acordo com o relatório do Pnuma, "ainda é tecnicamente possível atingir a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C".

O relatório mostra que há um potencial de redução de emissões em 2030 de até 31 gigatoneladas de CO2 equivalente (representando cerca de 52% das emissões de 2023) e 41 gigatoneladas até 2035.

Mas isso requer "mobilização internacional" e os países do G20, que são responsáveis pela maior parte das emissões totais, "devem fazer o trabalho pesado", diz a ONU.

Isso também envolveria a implantação acelerada de tecnologias de energia solar fotovoltaica e eólica, diz o relatório.

Outras opções importantes incluem medidas de eficiência energética, eletrificação e substituição de combustíveis fósseis nos setores de construção, transporte e indústria.

O relatório também examina o que seria necessário para limitar o aquecimento global a menos de 2 °C. Para atingir essa meta, as emissões devem ser reduzidas em 28% até 2030 e 37% até 2035 (em relação aos níveis de 2019).

* Com informações de Reuters e AFP

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