PepsiCo investe em plano para ter mais pessoas negras na liderança

A fabricante de alimentos PepsiCo anunciou em setembro de 2024 o lançamento do programa de trainee exclusivo para a mulheres negras. A novidade vai além de uma ação pontual e demonstra a estratégia da companhia para alcançar resultados de diversidade e inclusão, como ter 50% de mulheres e 30% de pessoas negras em posições de liderança até 2025.

"Atualmente, estamos com 29,7% de pessoas negras em posição de liderança. Isto é um aumento de dez pontos percentuais desde 2020 por conta de ações afirmativas", diz Angelica Souza, gerente sênior de Diversidade, Equidade e Inclusão, Cultura e Marca Empregadora da PepsiCo. Já a presença de mulheres na liderança saltou de 45% para 49% no mesmo período.

A evolução aconteceu por diferentes práticas. Especificamente sobre o trainee, desde 2016 a PepsiCo trabalha com o programa NextGen para buscar pessoas que possam assumir cargos de liderança. Mas, é desde 2019 que a companhia o entendeu como uma oportunidade para ampliar a diversidade. "Naquele ano deixamos de lado critérios como a obrigatoriedade da língua inglesa, em 2020 instituímos metas de diversidade que queríamos alcançar, medindo a partir de autodeclaração, e, em 2023, lançamos um programa exclusivo para pessoas negras, ainda sem o recorte de gênero como neste ano", diz Angélica.

A executiva aponta ainda como é preciso um acompanhamento ao longo dos 18 meses de programa de modo a entender como reter os talentos. "Os selecionados passam por diferentes áreas e localidades, então é preciso gerar uma inclusão de fato a partir do entendimento do que eles estão fazendo, do que gostam e como se sentem", diz.

Além do trainee

A PepsiCo olha para a experiência do colaborador em quatro etapas, desde a atração até o último dia de trabalho. Para isto, a companhia realiza ações como o apoio para 244 universitários negros, desde 2020, com curso de inglês e mentoria; o auxílio para 10 organizações lideradas por pessoas negras para o desenvolvimento de projetos; e o beneficiamento de mais de 1 milhão de pessoas por meio de projetos de capacitação para empreendedores negros e festivais focados em cultura negra, em parceria com o Festival Feira Preta. "No festival, por exemplo, tivemos a oportunidade de apresentar o Banco de Talentos e explicar o que estamos fazendo na agenda de equidade racial".

Para a companhia, o engajamento no tema em relação às comunidades é tão importante que ela se tornou uma das co-fundadoras do Movimento pela Equidade Racial - Mover, em 2020. Atualmente, com cerca de 50 companhias, o Mover tem como meta, até 2030, gerar mais 10 mil lideranças negras através de modelos inclusivos de recrutamento e desenvolvimento; e 3 milhões de impactos para pessoas negras com cursos, capacitações e oportunidades de negócio para empreendedores negros.

Quando dentro da empresa, a pessoa tem a oportunidade de participar dos grupos de afinidade, sendo eles sobre: raça, gênero, pessoas com deficiência, gerações e LGBTI+, ou ainda de iniciativas de conscientização antirracista por meio de painéis e discussões em fóruns internos, incluindo o Letramento Racial, que traz informações e conceitos básicos sobre o racismo no Brasil.

Outra iniciativa é o programa de mentoria focado no desenvolvimento de carreira e formação de lideranças negras, lançado em 2019.

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"Essa é uma oportunidade de analisarmos performance e desenvolvimento individual, sendo que até o momento, mais de 100 pessoas já participaram desse tipo de programa, tendo uma grande representatividade de grupos socialmente minorizados", diz Angelica. A mentoria reversa também é possível, uma vez que os participantes do grupo de afinidade racial orientam membros do comitê executivo. Ainda em relação ao engajamento e permanência, a PepsiCo convida pessoas do mercado para conversar com os colaboradores sobre os desafios e as oportunidades de carreira.

Pensando na intersecção de mulheres negras, são importantes ainda as práticas de equidade de gênero, como o programa Doce Começo, que oferece, há mais de 10 anos, licença maternidade de seis meses e acompanhamento especializado em todas as fases da gravidez, auxiliando gestante e recém-nascidos(as). Já no Minha Hora, há o reembolso anual para tratamentos de reprodução assistida, como fertilização in vitro, inseminação artificial, congelamento de óvulos e embriões, além de banco de espermatozoides e óvulos; entre outras práticas de licença parental.

"A contratação de pessoas diversas não pode ser como uma porta giratória, em que ela entra por um programa inclusivo, mas logo sai por falta de acompanhamento e desenvolvimento. Investimos em estratégias que atingem desde a presidência até a pessoa que está em um fornecedor. Só assim podemos ter uma jornada de fato inclusiva e com indicadores melhores a cada ano", finaliza Angelica.

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