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2024 será o ano mais quente da história, calcula observatório europeu

Mulher caminha pelo leito seco de afluente do rio Tapajós, na Amazônia Imagem: Amanda Perobelli - 10.out.2024/Reuters

De Ecoa

em São Paulo

09/12/2024 00h00

Novembro de 2024 foi o segundo mais quente da história, com temperatura média global de 14,10°C, atrás apenas de novembro de 2023, indicam novos dados do observatório Copernicus, da União Europeia. Para os cientistas, é praticamente certo que 2024 será o ano mais quente da história e o primeiro a superar o limite de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris.

A superação agora "não significa que o Acordo de Paris tenha sido rompido, mas significa que ações climáticas ambiciosas são mais urgentes do que nunca", disse Samantha Burgess, vice-diretora do Copernicus.

O mês foi o 16º, em um período de 17 meses, em que a temperatura global ficou mais de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900), com 1,62°C, segundo o conjunto de dados ERA5, que utiliza bilhões de medições de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas ao redor do mundo.

A ciência previa que a superação do aumento de 1,5°C nas temperaturas globais em relação aos níveis pré-industriais aconteceria por volta de 2030 a 2050, dependendo da intensidade das emissões de gases de efeito estufa e das políticas climáticas adotadas.

Em entrevista para Ecoa em novembro, o físico e pesquisador Paulo Artaxo, um dos principais especialistas brasileiros em mudanças climáticas, explicou que não se trata de erro nas previsões. "A questão é que os compromissos das reduções de emissões dos países não estão sendo cumpridos. Por causa da não redução de emissões de gases de efeito estufa e o não cumprimento das NDCs, inclusive pelo Brasil, a situação climática está se deteriorando rapidamente, como a ciência previa. O aumento dos eventos climáticos extremos, não só no Brasil, mas em todos os países do nosso planeta, é exatamente o que a ciência previa nos modelos climáticos", disse.

2024 deve ser primeiro ano acima de 1,5ºC Imagem: Copernicus

Resultados para novembro

Na Europa, a média de temperatura em novembro foi de 5,14°C, 0,78°C acima da média para o mês, mas ainda fora do ranking dos 10 novembros mais quentes no continente. Apesar disso, temperaturas acima da média foram registradas no norte da Rússia, no nordeste e no sudoeste da Europa. Por outro lado, o sudeste do continente teve temperaturas abaixo da média.

Fora da Europa, o aquecimento foi mais intenso no leste do Canadá, regiões central e leste dos EUA, México, Marrocos, noroeste da África, China, Paquistão, a maior parte da Sibéria e Austrália. As temperaturas ficaram abaixo da média no oeste dos EUA, em partes do norte da África, no extremo leste da Rússia e na maior parte da Antártida.

Já o Ártico registrou a terceira menor extensão de gelo marinho para novembro, 9% abaixo da média histórica. Na Antártida, a extensão do gelo marinho atingiu o menor valor mensal para novembro, ficando 10% abaixo da média, superando ligeiramente os valores de 2016 e 2023, e continuando uma série de anomalias negativas historicamente grandes observadas ao longo de 2023 e 2024.

A temperatura média da superfície dos oceanos, 20,58°C, foi a segunda mais alta para novembro, atrás apenas de 2023. Embora o Pacífico equatorial central e oriental indique sinais de transição para La Niña, vastas áreas oceânicas permanecem anormalmente quentes.

Em termos de precipitação, novembro trouxe um cenário de extremos. Europa ocidental e central registraram condições mais secas que o normal, enquanto regiões o oeste da Islândia, sul do Reino Unido, norte da Escandinávia, sul dos Bálcãs, Grécia, leste da Espanha, que enfrentou enchentes devastadoras, e grande parte da Europa Oriental tiveram chuvas acima da média.

Condições mais úmidas que o normal foram observadas em muitas regiões dos Estados Unidos, na maior parte da Austrália e em grandes áreas da América do Sul, atravessando a Ásia Central até o leste da China. Tufões intensos atingiram o Pacífico Ocidental, causando chuvas torrenciais especialmente nas Filipinas.

Condições mais secas que o normal foram registradas no sudoeste dos EUA, México, Chile e Brasil, no Chifre da África, em regiões da Ásia Central, no sudeste da China e no sul da África. Diversas regiões da América do Norte e do Sul enfrentaram secas.

Os números do C3S para o outono no hemisfério norte (setembro a novembro) também reforçam a tendência de aquecimento global: a temperatura média global para o período foi 0,75°C acima da média de 1991-2020, a segunda maior já registrada. Na Europa, o outono foi o terceiro mais quente da história.

Com o impacto das mudanças climáticas se tornando cada vez mais evidente, especialistas têm reforçado que as metas do Acordo de Paris só serão alcançadas com uma mobilização internacional mais efetiva.

Colunista de Ecoa e um dos cientistas climáticos mais respeitados internacionalmente, Carlos Nobre tem afirmado com frequência que ações mais rigorosas para combater as mudanças climáticas são urgentes.

Sem medidas imediatas e eficazes, estamos caminhando para um futuro em que vastas regiões do planeta poderão se tornar inabitáveis, com impactos profundos para a vida. Não podemos em hipótese alguma aceitar passar de 2ºC e chegar a 2,5ºC. As metas de redução das emissões têm que ser muito mais rigorosas e abrangentes. Carlos Nobre

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