Mudança climática aumentou a probabilidade de incêndios em Los Angeles
Ler resumo da notícia
As mudanças climáticas tornaram os incêndios florestais em Los Angeles, nos EUA, mais prováveis. A conclusão é de um estudo realizado pelo grupo World Weather Attribution, iniciativa científica internacional que analisa e divulga a influência da mudança climática em eventos extremos.
De acordo com a pesquisa, as mudanças climáticas causadas pelo homem somadas aos fortes ventos de Santa Ana aumentaram as condições de inflamabilidade no sul da Califórnia.
O que aconteceu
Seca, ventos e aquecimento intensificaram incêndios. A vegetação seca e a ausência de chuvas durante o inverno criaram condições inflamáveis, agravadas pelos ventos de Santa Ana, que atingiram velocidades de furacão. As condições de calor, seca e vento que alimentaram os incêndios foram cerca de 35% mais prováveis devido ao aquecimento causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis.
Los Angeles ficará mais seca e inflamável com a continuidade da queima de combustíveis fósseis. Essas condições de propensão a incêndios se tornarão mais 35% prováveis se o aquecimento atingir 2,6°C acima do nível pré-industrial, o que é esperado até 2100.
Incêndios florestais no sul da Califórnia estão se tornando mais comuns no inverno. A baixa precipitação entre outubro e dezembro agora é cerca de 2,4 vezes mais provável em comparação ao clima pré-industrial. A redução das chuvas de outubro a dezembro, época tradicionalmente chuvosa, está ligada ao aquecimento global, enquanto temperaturas mais altas evaporam mais umidade das plantas, tornando-as combustível ideal para o fogo. As condições propícias a incêndios se estenderam em cerca de 23 dias extras por ano, aumentando a chance de um incêndio começar durante os picos dos ventos Santa Ana.
A infraestrutura de contenção falhou. Além disso, a infraestrutura de combate a incêndios, incluindo o sistema de abastecimento de água, foi incapaz de lidar com a escala e a intensidade dos incêndios Eaton e Palisades, destacaram os cientistas.
Atraso nos sistemas de alerta e evacuação teve consequências fatais. Dezessete das 28 mortes ocorreram em West Altadena, um bairro onde os avisos chegaram tarde, revelando falhas nas estratégias de preparação.
Realidade superou modelos climáticos. Os pesquisadores também destacaram que, embora os modelos climáticos apresentem limitações para analisar áreas montanhosas e de chuvas esparsas como o sul da Califórnia, os dados do mundo real corroboram a influência do aquecimento global nos incêndios.
As condições extremas que impulsionaram os incêndios resultaram em uma tempestade perfeita. "Embora a Califórnia esteja acostumada a incêndios florestais, o impacto desses incêndios no coração da estação chuvosa foi fora da curva", disse o professor John Abatzoglou, climatólogo da Universidade da Califórnia, Merced.
![Imagem aérea de Los Angeles após incêndios Imagem aérea de Los Angeles após incêndios](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/f3/2025/01/25/imagem-aerea-de-los-angeles-apos-incendios-1737829564354_v2_750x421.jpg)
O que isso significa
Sem mudança, Califórnia ficará mais quente. "Sem uma transição mais rápida para longe dos combustíveis fósseis, a Califórnia ficará cada vez mais quente, seca e inflamável", alertou Clair Barnes, pesquisadora do World Weather Attribution e do Imperial College London.
Transição energética é essencial. A professora Friederike Otto, co-líder do World Weather Attribution, enfatizou que os líderes mundiais enfrentam escolhas críticas para evitar desastres futuros. "Continuar a queimar petróleo, gás e carvão trará climas cada vez mais perigosos. A transição para energia renovável é essencial para um futuro mais seguro."
Cientistas recomendam melhorias em infraestrutura e alertas. Os pesquisadores recomendaram melhorias na infraestrutura de combate a incêndios e na implementação de zonas de segurança tampão perto de residências localizadas em áreas de alto risco. A necessidade de sistemas de alerta e evacuação mais eficientes foi destacada como essencial para evitar tragédias futuras.
Reconstrução não pode ignorar riscos da região. Eles também alertaram para o perigo de reconstruir áreas devastadas sem levar em conta os riscos recorrentes. "Essas áreas queimadas voltarão a ser vegetadas em poucos anos, e a ameaça de incêndios rápidos e intensos retornará", observou o professor Park Williams, geógrafo da Universidade da Califórnia.
Sem ação, futuro climático é perigoso. O relatório reafirma que as mudanças climáticas, impulsionadas pelo uso contínuo de combustíveis fósseis, estão destruindo vidas e meios de subsistência nos Estados Unidos, desde furacões no leste até incêndios florestais no oeste. A mensagem é clara: o futuro será mais perigoso sem ações imediatas para mitigar o aquecimento global e adaptar comunidades vulneráveis às novas realidades climáticas.
Contexto
Os incêndios, que começaram em 7 de janeiro, foram os mais destrutivos da história de Los Angeles, deixando pelo menos 28 mortos, destruindo mais de 10 mil casas e expondo milhões de pessoas à fumaça tóxica.
1 comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.
Arthur Eduardo Freitas Heinrich
Não é preciso ser nenhum gênio nem utilizar modelos climáticos para saber que, quanto mais quente e seco, maior a probabilidade de incêndios. Acredito que todos concordam com isso. O que não dá para aceitar é a causa disso ser humana, ainda que haja uma mínima contribuição nossa. A Natureza, as variações na emissão solar e fatores geotérmicos, influenciam significativamente mais que as ações do homem no aquecimento global. Além disso, o aquecimento global é marginal, dadas as variações causadas pelas estações do ano e do dia e noite, que não são globais, mas locais.