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Após lucrar US$ 40 bi, Shell é processada por plano climático 'deficiente'

Shell tem maior lucro em 115 anos - Getty Images
Shell tem maior lucro em 115 anos Imagem: Getty Images

Da AFP

09/02/2023 13h19

A ONG ambientalista ClientEarth entrou na Justiça contra os principais executivos da gigante energética britânica Shell, nesta quinta-feira (9), denunciando sua gestão "deficiente" dos riscos ligados à mudança climática.

Na semana passada, a Shell divulgou os maiores lucros nos 115 anos da empresa: US$ 39,9 bilhões (cerca de R$ 200 bilhões) em 2022.

A ClientEarth entrou com uma ação no Tribunal Superior de Londres "contra o conselho de administração da Shell por não administrar os riscos materiais e previsíveis que a mudança climática representava para a empresa", anunciou a organização não governamental em um comunicado.

A ONG, que atua na qualidade de acionista minoritária da petrolífera, considera que os 11 membros do conselho de administração falharam em suas obrigações legais, ao não adotarem uma estratégia de transição energética, em conformidade com o Acordo de Paris sobre o Clima.

Adotado por 196 países ao final da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2015 (COP21), o objetivo desse acordo internacional é limitar o aquecimento global a menos de 2ºC - de preferência, até 1,5ºC -, em relação aos níveis pré-industriais.

Segundo a ClientEarth, é a primeira vez que o conselho administrativo de uma empresa é denunciado por sua incapacidade de se preparar, corretamente, para a transição energética.

"A transição para uma economia de baixas emissões de carbono não é apenas inevitável, mas já está em andamento. No entanto, o conselho de administração persiste em uma estratégia (...) fundamentalmente deficiente", que ameaça "o sucesso futuro da Shell", disse Paul Benson, advogado dos demandantes.

O grupo refutou as acusações, considerando que a ação "não tem fundamento". Alega, nesse sentido, que sua estratégia climática "está alinhada com a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris" e foi aprovada por 80% de seus acionistas.