Jane Fonda não quer trabalhar no próximo ano. O motivo? Ela quer salvar o planeta
Aos 85 anos, uma brilhante carreira no cinema e após superar um câncer, Jane Fonda não tem intenção de reduzir o ritmo em seu ativismo contra a mudança climática diante da "pior crise enfrentada pela humanidade", como ela define.
"Meu câncer está em remissão. Tenho muita energia", disse ela à AFP na quinta-feira (22), nos bastidores da Hollywood Climate Summit (Cúpula de Hollywood para o Clima).
"Não acho que a comunidade de Hollywood tem feito o suficiente para enfrentar esta crise. Por isso estou aqui, para incentivá-la", disse a duas vezes vencedora do Oscar.
A cúpula reúne figuras da indústria, cientistas e ativistas em uma aposta para mudar a cultura do setor e incentivar cineastas a influenciar positivamente o público.
Fonda apresentou um painel chamado "Reflexão de Hollywood sobre o petróleo e gás" e pediu à indústria do entretenimento que encerre todos os investimentos no setor de combustíveis fósseis e reduza sua pegada de carbono.
Falou sobre uma lei da Califórnia que proíbe novos poços de petróleo a cerca de um quilômetro de residências, escolas e parques.
Após anos de campanha, o projeto de lei finalmente foi sancionado pelo governador Gavin Newsom em 2022, mas as empresas energéticas conseguiram assinaturas suficientes para interromper a medida e exigir um referendo no ano que vem.
"As pessoas estão sofrendo com câncer, doenças do coração, pulmões e asma. Crianças estão perdendo aulas e nascem com problemas congênitos porque vivem perto de infraestruturas do setor de combustíveis fósseis", disse Fonda.
Se as petroleiras conseguirem derrubar a lei "isto se tornará um precedente para outros estados", acrescentou.
"É preciso parar isto. Isto requer todo nosso esforço".
'Tudo o que posso'
Fonda ganhou fama nos anos 1960 com papeis como "Barbarella", que a transformou em símbolo sexual em todo o mundo, antes de ser reconhecida pela crítica que lhe concedeu dois prêmios da Academia na década seguinte por "Klute - O Passado Condena" e "Amargo Regresso".
Durante essa época, abraçou o ativismo. Se tornou a primeira celebridade de Hollywood a visitar a cidade de Hanói para protestar contra a guerra do Vietnã, um gesto que lhe valeu o apelido "Hanoi Jane".
Porém, a questão ambiental se tornou uma prioridade para Fonda, uma das mais influentes ativistas políticas de Estados Unidos.
Nos últimos anos, falou sobre a biodiversidade no oceano diante das Nações Unidas, protestou contra um projeto de oleodutos em Minnesota e chegou a ser detida várias vezes por liderar manifestações contra a crise climática nos arredores do Capitólio em Washington.
"Se não faço o que acabo de mencionar, fico deprimida a ponto de não conseguir dormir. Faço tudo o que posso. Todos temos que fazer tudo o que podemos antes que seja tarde demais", diz.
Fonda também esteve em vários projetos como atriz nos últimos anos. Em setembro, revelou sofrer de linfoma de Hodgkin e que havia começado a quimioterapia.
Apenas três meses depois, Fonda, que já havia superado cânceres de mama e de pele, anunciou a remissão da doença e que já não estava em tratamento.
Enquanto a greve de roteiristas paralisou muitas produções em Hollywood, Fonda pretende se concentrar no ativismo antes das eleições do ano que vem.
"Nem sequer penso em tentar trabalhar no próximo ano e meio porque quero focar nisso", declarou. "As próximas eleições serão realmente cruciais".
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