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Conversa de Portão #2: Mulheres de ocupações criam podcast feito por WhatsApp

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Colaboração para Ecoa, de São Paulo

22/09/2020 04h00

Com o extenso isolamento social, as mulheres de uma série de ocupações e movimentos de moradia da Grande São Paulo se viram sem suas reuniões, principal ferramenta de articulação e também de apoio mútuo. "Devido ao isolamento, não tinha como a gente fazer nossa reunião das mulheres, né, que fazemos de 15 em 15 dias. Então surgiu a ideia do programa", diz Marinalva Maria de Souza, a Naná da Ocupação Esperança (a partir de 8:10 no arquivo acima).

O programa inteiro, batizado de Mulheres de Lutas, é feito por moradoras de ocupações. Pauta, produção, depoimentos, apresentação, edição e veiculação. Os áudios são todos gravados e enviados para a edição por WhatsApp, por onde também circula o programa pronto. A iniciativa tem a contribuição das ocupações Esperança, em Osasco (Grande São Paulo), Jd. Da União, Pinheiral e Olaria, na periferia da zona sul da cidade, e Queixadas, em Cajamar.

"A gente viu que não tinha como parar de fazer luta. Então esse programa foi algo que juntou um monte de mulher e a gente fez, né? A gente conseguiu fazer", diz Vanessa Mendonça dos Santos, da Ocupação Queixadas, uma das âncoras do programa (aos 6:35 no arquivo acima).

Vanessa e Marinalva são as entrevistadas do episódio #2 do podcast Conversa de Portão, que toda terça-feira traz a opinião, análise ou história de mulheres sobre notícias que são importantes para mulheres da periferia. O Conversa de Portão é um podcast produzido pelo coletivo Nós Mulheres da Periferia em parceria com o UOL Plural.

Tanto Vanessa quanto Marinalva reforçam que os programas têm servido não só como instrumento de luta, mas também como uma importante rede de apoio e acolhimento em tempos difíceis. "Está fortalecendo muito as mulheres", diz Naná (a partir de 8:34 no arquivo acima). "Você sabe que tem muita violência doméstica, e muitas mulheres não tinham como falar [sobre isso] em reunião". Com a abertura do canal para envio de áudios, elas se sentiram mais seguras. Violência doméstica foi um dos temas do programa, assim como machismo, racismo, educação em tempos de pandemia, direito ao corpo e autocuidado feminino. Ao todo, já foram produzidos dez episódios, que têm circulação restrita a grupos de movimentos de moradia.

"Essa rádio é para mostrar que a gente pode fazer a diferença", diz Naná (aos 10:03 no arquivo acima). "Que elas não estão sozinhas, que a mulherada não está sozinha. Se precisar a gente está lá 24 horas para abraçar. Para mostrar para os companheiros da gente que a gente não está sozinha, que a gente sabe se defender."

A edição deste episódio é de Elis Menezes, da produtora de áudio Trilheiras, e a apresentação é de Bia Pedrina. Este episódio teve o apoio do Repórteres sem Fronteiras.

Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição. Você pode ouvir Conversa de Portão, por exemplo, no Youtube, no Spotify, no Google Podcasts e no Deezer.