Papo Preto #9: Eleições 2020 e a sub-representação negra na política
Sete em cada dez prefeitos no Brasil hoje são brancos de acordo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A população negra brasileira é sub-representada em diversos espaços de poder. Embora 56% dos brasileiros se autodeclarem negros, conforme estima o IBGE, essa realidade não se reflete também nos representantes das câmaras de todo o país. As pesquisadoras sobre política e relações raciais Beatriz Chaves e Nailah Neves Veleci conversam com Yago Rodrigues e Nataly Simões, do Alma Preta, sobre essa sub-representação e o cenário eleitoral de 2020.
Os dados sobre candidaturas negras no Brasil começaram a ser coletados apenas em 2014, o que, de cara, já dificulta o desenho de um panorama eleitoral histórico dentro dessa perspectiva.
"Mas a literatura aponta uma a centralidade que a dinâmica partidária tem, e, principalmente, o subfinanciamento eleitoral dessas candidaturas", diz Beatriz (a partir de 5:34 do arquivo acima). "Então, a gente tem diversos estudos que demonstram que não faltam candidatos negros para os diversos cargos. O que falta é o recurso para que esses candidatos consigam se eleger".
Nailah concorda e lembra que isso tem nome. "O que eu gosto de acrescentar aí é que a gente pode nomear, podemos dizer que é racismo, né? Acho que a gente não precisa ficar rodeando", completa (a partir dos 5:50 do arquivo acima). "Nosso sistema político é de supremacia branca, porque ele é estruturado pelo racismo. Nossa esfera pública é fundadae interligada com esfera privada do senhor colonial. Então, as regras do nosso sistema político foram feitas para manter uma elite política. E essa elite política, exatamente por ter essa interligação com a esfera privada do senhor colonial, é branca.", diz, citando a teoria do contrato racial do filósofo Charles W. Mills, no Brasil apresentada por Sueli Carneiro.
Isso se reflete, entre outras coisas, na conclusão apresentada sobre a assimetria de recursos de campanha. "Como a Beatriz disse, os partidos políticos, que detêm o maior poder para designar quem vão ser os candidatos, ainda recrutam uma maioria branca, e ainda privilegiam de maneira desigual, principalmente com a questão financeira do horário de propaganda, que foi um dos pontos-chave que a gente tentou resolver nessas eleições". Nailah se refere à decisão do STF de outubro deste ano que determinou que os partidos dividam verba e tempo de TV de maneira proporcional entre candidatos negros e brancos.
Papo Preto é um podcast produzido pelo Alma Preta, uma agência de jornalismo com temáticas sociais, em parceria com o UOL Plural, um projeto colaborativo entre o UOL e coletivos independentes. Novos episódios vão ao ar todas as quartas-feiras.
Podcasts são programas de áudio que podem ser ouvidos a qualquer hora e lugar — no computador, smartphone ou em outro aparelho com conexão à internet. Você pode ouvir Papo Preto no canal do UOL no YouTube e nas plataformas de podcast Spotify, Google Podcast, Deezer, Apple Podcast e CastBox.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.