Papo Preto #84: O forró além do ritmo

Neste episódio de Papo Preto, o apresentador Yago Rodrigues conversa com a pesquisadora de forró tradicional, DJ Preta Barros, que também é fundadora do Forró Sound System, que leva as músicas e a cultura do forró para as ruas de Salvador desde 2015. Preta levanta questões sobre como o racismo e o mercado musical embranquecem e apagam a origem popular desta expressão artística.

A pesquisadora conta que o Forró Sound System surgiu de uma ideia e inspiração nos Sound Systens jamaicanos, que colocam caixas de som nas ruas para as pessoas poderem confraternizar. "É uma celebração cultural muito forte jamaicana. E o forró é uma celebração musical muito forte no Nordeste. Obviamente que o caráter mercadológico tirou um pouco da questão popular do forró, mas ainda é forte no interior, movimenta um cenário e uma economia muito grande" (a partir de 5:10 do arquivo acima).

No ano passado, o forró foi declarado Patrimônio Imaterial brasileiro pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), mas Preta diz que o título ainda não trouxe nenhum benefício para quem mantém as origens do forró e vive dele. "Estamos felizes porque conseguimos isso, mas talvez não fosse o melhor momento para que isso acontecesse porque não tem verba", diz ela a partir de 10:33 do arquivo acima.

"Estamos esbarrando em dificuldades nas festas de São João, que em outros anos eram extremamente tradicionais em programação de forró. Os espaços estão sendo ocupados pelo pagode, pelo samba, pelo sertanejo. Isso dá uma sensação de frustração. Mais de 10 anos de luta para chegarmos ao título e não vemos retorno. Acabou sendo só mais um título, ainda não se converteu em nada."

Papo Preto é um podcast produzido pelo Alma Preta, uma agência de jornalismo com temáticas sociais, em parceria com o UOL Plural, um projeto colaborativo entre o UOL, coletivos e veículos independentes. Novos episódios vão ao ar todas as quartas-feiras.

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