Oposição aposta em desgaste da situação e repetição de 1996 para vencer eleição em Belo Horizonte
Carlos Eduardo Cherem
Do UOL, em Belo Horizonte
Mostrar as contradições de um governo que abriga tucanos e petistas e enfatizar a “mesmice” provocada por quase duas décadas de administração só com políticos do PT e do PSB. Essas são as armas que os adversários do atual prefeito Márcio Lacerda usarão para tentar evitar a reeleição do candidato do PSB e consguir a repetição do resultado das eleições de 1996, quando o socialista Célio de Castro derrotou os candidatos de PT e PSDB, tidos como imbatíveis à época.
LEONARDO QUINTÃO
A carreira política do deputado federal do PMDB de Minas Gerais começou em 2001, com 21 anos, quando foi eleito vereador em Belo Horizonte. Dois anos depois, elegeu-se deputado estadual. Em 2007, tornou-se deputado federal. Candidatou-se e chegou ao 2º turno na eleição à Prefeitura da capital mineira em 2008. Na eleição seguinte, em 2010, foi o candidato a deputado federal mais votado da cidade: 142 mil votos.
A aposta do PMDB é o deputado federal Leonardo Quintão, que volta a ser candidato após a derrota para Lacerda no segundo turno de 2008. “Vou acabar com a anomalia política PT/PSDB na capital mineira. Ao anseio da população por uma melhor qualidade de vida, o prefeito é só blá-blá-blá, diz Quintão. "PT e PSDB são partidos diferentes. Uma administração com os dois não tem como dar certo”, diz.
Com quatro minutos de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, Quintão acredita que poderá dobrar esse tempo com possíveis acordos e coligações partidárias. “Em Belo Horizonte, temos 26 siglas e mesmo algumas direções partidárias que manifestaram apoio à reeleição do prefeito ainda estão conversando. Vamos negociar o nome do vice, que não será do PMDB”, afirma.
PV APOSTA NO ELEITOR INDEPENDENTE
A escolha do PV para disputar o comando da capital mineira é o deputado estadual Délio Malheiros, que conta com a independência do eleitorado belo-horizontino, revelada pela vitória de Marina Silva em Belo Horizonte nas eleições de 2010, para turbinar sua candidatura.
“O eleitorado da capital é um dos mais conscientes e independentes do País. Em 2010, Marina Silva bateu as máquinas de Dilma e Serra”, explica Malheiros. No primeiro turno das eleições presidenciais de 2010, Marina Silva obteve 40% dos votos da capital mineira, Dilma Rousseff ficou com 31% e José Serra conseguiu 28%.
DÉLIO MALHEIROS
O deputado estadual do PV mineiro, conhecido por sua atuação como defensor dos direitos do consumidor há três décadas, cumpre seu segundo mandato na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais. Começou a carreira parlamentar ao ser eleito vereador em Belo Horizonte no pleito de 2004.
Apesar de contar com apenas dois minutos e meio de propaganda eleitoral garantidos no rádio e na televisão, o candidato do PV acredita que possa chegar a seis minutos. Malheiros também confia na amplitude de novas alianças, que no caso dos verdes, estão sendo negociadas com PTB, PR, PDT e DEM.
“Eles ainda não fecharam com o Márcio (Lacerda), ainda vai haver muita conversa. Há duas décadas, vivemos a mesmice e a inoperância", diz o deputado estadual. "São tantos cargos que o mesmo grupo político tem que criar a cada eleição que a máquina administrativa fica totalmente emperrada”.
MUDAR É DIFÍCIL, MAS 1996 É INSPIRAÇÃO
Apesar do discurso otimista dos candidatos de oposição, o cientista político e professor da UFMG Carlos Ranulfo Melo acredita que o domínio conseguido por petistas e socialistas nos últimos 20 anos será mantido.
“A tendência é de que o resultado seja uma repetição de 2008, com a vitória de Márcio Lacerda e manutenção da hegemonia PT/PSB”, diz. “Em eleição, porém, tudo pode acontecer”.
É difícil, porém, esquecer da eleição de 1996 na capital mineira, um exemplo de como o inesperado pode mudar uma disputa. Na ocasião, o ex-deputado socialista Célio de Castro, vice do prefeito Patrus Ananias (PT), saiu candidato. O PT, que se mostrava tão dividido quanto aparenta estar para o pleito de 2012, lançou a candidatura do ex-deputado Virgílio Guimarães. O confronto na campanha se desenhava para ficar polarizado entre o deputado estadual Amílcar Martins (PSDB) e o petista.
Sem muito tempo de televisão, Célio de Castro começou a campanha com traço nas pesquisas, apostou no corpo a corpo com os eleitores nas ruas, conseguiu o apoio de uma dissidência do PT, garantiu sua participação no segundo turno contra o tucano e acabou elegendo-se prefeito de Belo Horizonte com 67% dos votos válidos.