Ausência da maioria dos pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo na Parada Gay mostra força do eleitorado conservador

Gil Alessi e Felipe Amorim

Do UOL, em São Paulo

Mais da metade dos dez pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo não vai participar do maior evento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) do mundo, a Parada Gay de São Paulo, que acontece neste domingo (10), na avenida Paulista. A edição de 2011 contou com cerca de 3 milhões de pessoas.

O presidente da associação que organiza o evento, Fernando Quaresma, suspeita que os faltosos possam temer a reação do eleitorado conservador ou “religioso fundamentalista.”

Gabriel Chalita, do PMDB, declarou que já tinha um encontro marcado com lideranças comunitárias em Sapopemba. A assessoria do pedetista Paulinho da Força afirmou que ele iria tirar o fim de semana para descansar, pois será sua última folga antes do início da campanha. No Twitter, Netinho de Paula, do PC do B, disse que não estará em São Paulo na data, mas que "será uma grande festa".

 

CANDIDATOS GAYS

  • Edmilson Martins (PPL), pré-candidato a prefeito em Itu (SP), é um dos 133 políticos gays que disputarão as eleições este ano

Levy Fidélix, do PRTB, irá participar da convenção de seu partido, também marcada para o domingo, e Fernando Haddad viajou com a família. Luiz Flávio D'Urso, do PTB, é o advogado que representa a família de Marcos Kitano Matsunaga -- executivo da Yoki assassinado pela mulher em meados de maio -- e não poderá comparecer em razão dos compromissos judiciais.

Ao contrário do que havia anunciado durante a semana, José Serra (PSDB) não comparecerá ao evento. Segundo sua assessoria de imprensa, o tucano estendeu sua agenda em Nova York e só volta ao Brasil na segunda-feira (11).

Assim, apenas Soninha, do PPS; Carlos Giannazi, do PSOL e Celso Russomano, do PRB, vão estar presentes no evento de domingo. A senadora petista e ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT)  e o deputado federal Jean Wyllys, do PSOL, políticos historicamente ligados à defesa dos direitos da população LGBT, também confirmaram presença, assim como o prefeito Gilberto Kassab.

“Os pré-candidatos que não estarão na Parada ou não se interessaram em fazer contato e conhecer quem somos [Haddad visitou a sede da associação na última quarta-feira (6)], são pessoas que não têm uma visão ampliada da política, e não querem diminuir a diferenciação e o preconceito”, afirma.

Durante a visita feita à sede da entidade, Fernando Haddad defendeu o diálogo com a rede de ensino para "promoção do respeito da diversidade nas escolas". Quando ministro da Educação, em maio de 2011, ele foi criticado por conta do kit anti-homofobia, que ficou conhecido como kit gay, material que era preparado pela pasta e seria distribuído para alunos do ensino médio.

HADDAD VISITA ASSOCIAÇÃO GLBT

  • O pré-candidato do PT defendeu políticas públicas nas escolas em favor dos gays

Para Quaresma, o comprometimento dos pré-candidatos com políticas públicas voltadas para a população gay poderia ser traduzido em ao menos duas ações práticas: a construção de abrigos especializados para homossexuais expulsos de casa por suas famílias, e a criação de programas pedagógicos para evitar o preconceito dentro das escolas.

Estas e outras recomendações fazem parte de um documento que será entregue aos pré-candidatos com uma agenda do movimento LGBT para o futuro prefeito da cidade.

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