Eduardo Campos diz que só falta o "sim" de Erundina para ela ser vice de Haddad
Fabio Leite*
Do UOL, no Rio
O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, disse nesta quinta-feira (14) que só falta o "sim" da deputada federal e ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina, 77, para que ela seja oficializada como vice na chapa do ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT).
"Se ela se dispuser, ela tem o apoio de todo o partido. Aí é uma questão que cabe a ela, e nós vamos respeitar a decisão que ela tomar. Se ela disser eu quero, o partido a quer", disse Campos durante um evento paralelo da Rio+20 na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), sobre mudanças climáticas, hoje de manhã.
A indicação de Erundina foi tratada como condição para que o PSB apoiasse o PT em São Paulo. A negociação incluiria ainda a manutenção do apoio do PSB ao candidato do PT à Prefeitura do Recife.
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"Ela tem de dizer o 'sim'. Não posso chegar e constranger Luiza. Não faria isso nunca, pela carinho que tenho por ela, pelo respeito", disse o mandatário do PSB.
Segundo Campos, a decisão será tomada após uma conversa com Erundina na noite desta quinta-feira e anunciada amanhã em encontro entre petistas e socialistas.
Erundina foi indicada pelo vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, mas apresentava certa rejeição à ideia por não ser consenso dentro do partido.
Um dos correligionários contrários à ideia era o presidente estadual da sigla, Márcio França, que deixou o cargo de secretário de Turismo do governo Geraldo Alckmin (PSDB) após Campos selar com o ex-presidente Lula o apoio dos socialistas à candidatura Haddad.
O candidato petista aprovou a indicação de Erundina, que foi prefeita da capital pela sigla entre 1989 e 1992. Em entrevista ontem à rádio Bandeirantes, o pré-candidato disse que, "mesmo tendo saído do PT, ela [Erundina] tem muito respeito da militância petista".
Paraibana, Erundina administrou São Paulo de 1989 a 1992 quando ainda era filiada ao PT. Isolada e desgastada após se desentender com lideranças do partido e aceitar o posto de ministra da Secretaria da Administração Federal no governo Itamar Franco --ao qual o PT se opunha --, Erundina migrou para o PSB por influência de Miguel Arraes (1916-2005), ex-governador de Pernambuco.
Reunião em São Paulo
A reunião que deve oficializar a coligação e o nome da deputada na chapa de Haddad será no hotel Pestana, amanhã, em São Paulo, e não vai mais ter a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Campos e seu vice na executiva, Roberto Amaral, estarão presentes.
A agenda de Lula foi cancelada porque só no final da tarde desta quinta (14) ele terá alta do hospital Sírio Libanês, onde foi internado ontem para a retirada de um catéter.
A vinda de Campos à capital paulista, porém, tem também no foco a eleição para a Prefeitura do Recife: com as disputas internas no PT local, Campos anunciou a possibilidade de o PSB lançar candidatura própria caso os até agora aliados petistas não conseguissem um consenso até as convenções partidárias que acontecem ainda este mês.
Ao senador Humberto Costa --nome imposto pela direção do PT para disputar em Recife, em detrimento do atual prefeito, João da Costa --, porém, Lula teria dito que participará ativamente da campanha.
A resposta de Campos à aliança também deverá ser anunciada na sexta. (Colaborou Janaina Garcia)