Aliança com o PP, de Maluf, constrange Haddad e Erundina

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

O pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, e sua vice, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), confirmada na chapa nesta sexta-feira (15), se mostraram pouco à vontade com a possibilidade de o ex-prefeito de São Paulo, o deputado federal Paulo Maluf (PP), apoiar o PT na capital paulista.

O apoio do partido de Maluf à chapa PT/PSB dominou a maior parte da rápida entrevista coletiva concedida por Haddad e Erundina, ao final do ato que oficializou a aliança entre as duas legendas na disputa paulistana. O PP deve anunciar oficialmente o apoio na próxima segunda-feira (18) durante entrevista coletiva de Maluf.

Haddad e Erundina se constrangem com aproximação de Maluf

Tanto Erundina quanto Haddad não responderam se o ex-prefeito --réu em processos de corrupção --subirá ao palanque de ambos. "Veja bem, quando fazemos uma composição política temos de fazer uma avaliação de coalizão, mirando a experiência federal", disse Haddad.

Para o petista, não se deve olhar "para cada partido individualmente fazendo uma avaliação de A, B ou C".

Haddad fez questão de lembrar, porém, que o PR apoia seu principal adversário, José Serra, candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo. O presidente do PR, senador Afredo Nascimento (AM), deixou o cargo de ministro dos Tranportes na chamada "faxina" de Dilma Rousseff.

O pré-candidato do PT afirmou ainda que o apoio do PP é bem-vindo, mas não detalhou possíveis indicações para cargos em um futuro governo, se for eleito. Maluf teria trocado o apoio a Haddad por um cargo no Ministério das Cidades.

Em meio à negociação com o PT, segundo a Folha de S.Paulo, o PT teria prometido Maluf a indicação para a Secretaria de Habitação da Prefeitura de São Paulo.

Antes de indicar o apoio ao PT, Mafuf negociou com o PSDB. Um indicado do ex-prefeito, Antonio Carlos do Amaral Filho, é hoje o presidente da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

Já Erundina citou Maluf apenas para lembrar que o venceu, na disputa à Prefeitura de São Paulo. "Eu derrotei o Maluf", declarou, enfática. A deputada bateu Maluf na eleição paulistana em 1988. Erundina, à época, era do PT.

Questionada sobre o apoio do ex-prefeito, esquivou-se: "Vou fazer campanha com o povo, nas periferias, nas favelas e nos cortiços", desconversou.

Se o PP se encaixa no projeto político de seu partido? "O PP não me disse se concorda ou não com o nosso projeto", concluiu.

Elogios

Nos discursos, Haddad e Erundina não pouparam os elogios mútuos. A ex-prefeita, por sinal, em mais de uma oportunidade recebeu gritos de "maravilhosa" e de "prefeita" vindos da plateia de militantes, deputados federais e estaduais e vereadores dos dois partidos.

Ao se referir a Haddad, o classificou como ícone de "juventude na política" e dono de "uma liderança suave". "Você não é uma figura agressiva, e faremos o que você disser que precisa fazer. Essa hora é de união", afirmou Erundina.

Já o pré-candidato devolveu os elogios ao afirmar que a parlamentar "simboliza valores". "Ela é a 'jovem Luiza', pois não parou no tempo", disse, para chamá-la, ao fim, de "a rainha do dia, reta e coerente".

União PT/PSB reforça coalizão, diz Eduardo Campos

Presente ao encontro desta sexta, o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco , Eduardo Campos, se referiu a Erundina como “referência ética” --no que recebeu o coro de outras lideranças locais dos dois partidos, além do próprio Haddad. Campos estava acompanhado de seu vice na executiva, Roberto Amaral, e dos chefes dos diretórios municipal e estadual do partido.

“Fomos buscar o que temos de mais caro, de coerência e de doação à causa pública”, disse o presidente da sigla, que fez questão de salientar a ligação de Erundina com o Nordeste, a exemplo de Lula: ela, paraibana, e o ex-presidente, pernambucano.

Em meio a uma crise que pôs na berlinda a união entre petistas e socialistas em capitais como Recife, Fortaleza (onde os partidos romperam) e Belo Horizonte, Campos salientou que a coligação em SP ajuda a consolidar o “projeto nacional” das duas siglas, uma vez que o PSB compõe a base de apoio à presidente Dilma Rousseff no Congresso.

"Vocês não sabem o que é a força de uma mulher", diz Haddad

Erundina cobra Marta

Durante o ato que selou a aliança entre o PT e o PSB, Erundina cobrou publicamente a participação da senadora Marta Suplicy (PT-SP) na campanha eleitoral de 2012. "Esperamos que a Marta se some a nós. Vou procurá-la pessoalmente. Somos amigas e precisamos estar juntas", disse a deputada federal. 

Marta tem evitado compromissos públicos ao lado de Haddad. Ela foi preterida na disputa em São Paulo por uma imposição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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