Levar Haddad ao 2º turno será mais difícil para Lula do que eleger Dilma, dizem especialistas

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo

Apesar do crescimento de cinco pontos percentuais de Fernando Haddad, registrado na última pesquisa Datafolha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá mais dificuldade para levar o pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo ao segundo turno das eleições municipais deste ano do que enfrentou ao ajudar Dilma Rousseff a conquistar a Presidência da República em 2010. Esta é a opinião de analistas políticos ouvidos pelo UOL após a divulgação de pesquisa na noite de domingo (17).

Segundo o Datafolha, Haddad foi o único pré-candidato que apresentou crescimento fora da margem de erro. O pestista está com 8% das intenções de voto. Em março, no último levantamento, ele tinha 3%.

 “O Lula com certeza terá uma influência positiva na campanha do Haddad, mas esse efeito tem que ser encarado com cautela”, afirma o professor de Ciências Políticas da Unicamp (Universidade de Campinas), Valeriano Costa. “A popularidade do Lula é enorme principalmente no Norte e no Nordeste. Isso desequilibrou as eleições para o lado da Dilma em 2010. Em São Paulo, apesar de sua popularidade também ser grande, é muito menor”, diz Costa.

Para o cientista político Paulo Kramer, da UnB (Universidade de Brasília), mesmo com Lula em sua campanha, Haddad terá dificuldades para vencer o desconhecimento de seu nome por parte da população. “Acredito que vai ser muito mais difícil o Lula conseguir que o Haddad seja eleito em São Paulo do que foi conseguir eleger a Dilma presidente em 2012”, afirma Kramer. “O desconhecimento do candidato é muito grande, esse é o maior desafio dele”, diz.

O cientista político Carlos Melo, do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), aponta ainda que na campanha de 2010, Lula elegeu sua sucessora direta, e muito da transferência de sua popularidade para Dilma se deu por conta disso. “Em 2010 foi uma espécie de referendo em relação ao governo Lula”, diz Melo. “Ele terminava o governo com uma popularidade enorme e propunha uma continuidade, o que não acontece desta vez com o Haddad”, afirma.

Apesar da dificuldade, os cientistas políticos dizem acreditar no crescimento da candidatura petista e na chegada de Haddad ao segundo turno, atrás do tucano José Serra, que lidera a pesquisa com 30% das intenções de voto. Para os especialistas, o tempo de TV durante o horário eleitoral gratuito será fundamental nesta questão.

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