Para Maluf, resultado de pesquisa Datafolha foi 'ótimo'
Gil Alessi e Aiuri Rebello
Do UOL, em São Paulo
O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) afirmou nesta segunda-feira (27) que o resultado da pesquisa Datafolha --que apontou rejeição de 64% dos petistas à aliança entre o partido dele e o PT-- foi "ótimo". Em entrevista para o UOL, o parlamentar disse que "os 64% que rejeitam a aliança do PP com o PT fazem parte necessariamente dos 17% que souberam quem eu apoio. Assim, de acordo com a minha matemática, apenas 117 pessoas do total de 1.081 que foram ouvidas rejeitam meu apoio".
O raciocínio de Maluf, porém, não condiz com o resultado da pesquisa do Datafolha. Segundo o levantamento, 64% de todos os eleitores paulistanos que dizem simpatizar com o PT --e não apenas os que sabem do aopio-- rejeitam a aliança com o pré-candidato petista à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. Entre todos os eleitores de São Paulo, esse índice é de 62%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
No dia 18 deste mês, Maluf reuniu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com Haddad no jardim da sua casa, na zona sul da capital paulista, para anunciar apoio ao petista. Na ocasião, Maluf, Lula e Haddad fizeram uma sessão de fotos.
O ex-prefeito declarou ainda que “quando 100% das pessoas souberem quem eu apoio, a tendência é que o Haddad cresça muito”. O petista oscilou na pesquisa Datafolha dois pontos percentuais para baixo e agora tem 6%. Na sondagem anterior, divulgada em 17 de junho, Haddad tinha 8%.
A foto de Lula ao lado do ex-prefeito e de Haddad levou a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) a desistir de ser vice na chapa do PT --o PT havia anunciado o acordo com a ex-prefeita três dias antes do acordo com Maluf.
Fernando Haddad afirmou que não está preocupado com o resultado da pesquisa. "É apenas uma oscilação natural". Sobre a reprovação da aliança com o PP, de Paulo Maluf, Haddad disse que irá dizer para os eleitores o mesmo que "repete desde janeiro: Quero contar com o apoio da maior parte dos partidos que compõem a base aliada da presidente Dilma Rousseff", afirmou.
De acordo com o pré-candidato, "mudar a história dessa cidade é um trabalho para além do PT. Vamos precisar de todo o apoio que conseguirmos para governar depois das eleições".
Análises
Francisco Fonseca, professor de ciência política da Faculdade Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), afirma que “o fato de José Serra não ter se beneficiado de um acontecimento negativo na campanha de seu rival, que foi a foto tirada durante o acordo do PT com o PP, mostra que o fôlego do candidato tucano chegou ao seu limite.”
“O PT tem historicamente cerca de 30% dos votos em São Paulo. Mesmo com a alta rejeição a Maluf, não me parece que um candidato do PT vá ter entre 6% e 8% dos votos, ou que os 64% que rejeitam Maluf vão deixar de votar no Haddad”, diz Fonseca.
O cientista político Bolívar Lamounier, do instituto Augurium, é de opinião contrária. “Acho cedo para dizer que José Serra atingiu o teto de seu crescimento eleitoral. O Maluf tem 64% de rejeição, mas a maioria das pessoas não sabe ainda quem ele apoia”, afirma.
“Acredito que o Haddad terá dificuldade para crescer nas pesquisas, será uma evolução lenta, já que ele não é conhecido do público. Além disso, o apoio do Maluf segura ele um pouco. Se o Lula puxa para cima, o Maluf puxa para baixo”, diz Lamounier.
Carlos Melo, cientista político e professor do Insper, afirma que “ainda é cedo para saber o efeito que a rejeição do eleitorado ao Maluf vai ter na campanha de Haddad. A pesquisa capta apenas o momento eleitoral, e só será possível fazer uma análise mais completa após o início dos programas na TV.”
A assessoria de imprensa da campanha tucana informou que está satisfeita “com o desempenho do nosso candidato, mas ainda há muito trabalho pela frente”. Eles não quiseram comentar a rejeição dos petistas à aliança com Maluf.
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