O candidato do PSOL à Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, passa a receber a partir deste sábado (21) doações por meio de boleto bancário ou cartões de crédito ou débito.
As doações poderão ser feitas pelo site da campanha do candidato. De acordo com a coordenação da campanha de Freixo, trata-se de uma modalidade inédita de arrecadar recursos para as eleições no país.

A modalidade de doação foi regulamentada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) neste ano. O recurso foi usado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em sua campanha em 2008.

O sistema é idêntico ao adotado no comércio eletrônico. Para a doação, o eleitor deverá informar nome completo, número do CPF e do RG, telefone, e-mail e endereço.
Após a confirmação, é gerado o recibo eleitoral, que também é enviado ao e-mail do doador. Com o documento, o eleitor poderá declarar o valor doado ao IR (Imposto de Renda).

Freixo disse não ter uma estimativa de quanto pretende arrecadar por meio da internet.  Para o candidato, o desafio será convencer o eleitor, segundo ele desacreditado com a forma de fazer política no país.

“É difícil falar em expectativa. A gente não tem essa cultura. No Brasil há um descrédito com relação à política. É uma coisa muito nova. Evidentemente não é como pegar R$ 20  do bolso e dar na mão do candidato”, disse.

Sem intermediários

Responsável pela empresa de tecnologia que criou o sistema para a campanha do candidato do PSOL, a especialista em sistema de informação Mariana Espineli disse que os recursos irão direto para o caixa da campanha de Freixo.

“A diferença deste sistema é que o dinheiro não fica preso a um intermediário, que no caso das transações de compra e venda são as empresas paywall. O dinheiro vai direto para a conta da campanha. As únicas intermediárias são as operadoras de cartão de crédito”, disse.

Segundo Mariana, o eleitor ao fazer a doação terá de assinalar o termo de uso em que se compromete a transmitir informações idôneas.

De acordo com ela, os riscos de ataques por hackers são mínimos. “Livre de hackers ninguém é, mas a partir do momento que você usa todos os certificados de segurança o risco é menor. A segurança está sendo muito bem tratada e acho que não existe nenhum risco”, afirmou.

Facilidade na fiscalização

Para o ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o advogado Torquato Jardim, o sistema de doação pela internet “é o mais seguro e mais fácil de ser fiscalizado”.
O ex-ministro afirmou que se sentiria seguro ao fazer uma doação de campanha via internet.

“O TRE tem todos os mecanismos para fiscalizar. Ou o eleitor preenche corretamente o formulário ou não consegue fazer a doação. Não há complicação. É uma evolução natural. Funciona como qualquer outra negociação comercial que você possa fazer pela internet. Eu me sentiria completamente seguro em fazer uma doação”, disse.

Para a professora de Comunicação Social da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) Alessandra Aldé, o processo de convencimento do eleitor para que ele faça as doações é o maior desafio da campanha de Freixo.

“O problema não será o número de conexões [com a internet]. No Rio de Janeiro, em todas as classes sociais, lares, locais de trabalho, você tem um alto índice de conexão. A grande questão será despertar o interesse pela política e em um candidato”, disse.

Para a professora, o sistema dando certo ou não trará benefícios no campo do marketing político.ao aproximar Freixo a uma ideia de juventude.

“Esse sistema pela internet possibilita a construção da imagem de um candidato ligado a um perfil mais jovem, mais antenado. Para uma eleição municipal, é uma boa estratégia”, definiu.

Obama

O então candidato à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, surpreendeu o mundo ao conseguir arrecadar pela internet cerca de US$ 500 milhões em 21 meses da campanha que o levou à Casa Branca em 2008.

Segundo a equipe do democrata, cerca de 3 milhões de doadores fizeram depósitos, a grande maioria em contribuições individuais de US$100.