Propaganda de candidato do PSD em Niterói usa caixa de remédio genérico para criticar adversários
Hanrrikson de Andrade
Do UOL, no Rio
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Divulgação
Embalagens simulando remédio genérico são utilizadas pelo candidato do PSD à prefeitura de Niterói (RJ)
A campanha do candidato do PSD à Prefeitura de Niterói (RJ), Sérgio Zveiter, adotou uma estratégia de marketing inusitada para alfinetar os concorrentes Rodrigo Neves (PT) e Felipe Peixoto (PDT): caixas de remédio genérico personalizadas com os nomes dos rivais e de seus padrinhos políticos, respectivamente o petista Godofredo Pinto e o atual prefeito do município, Jorge Roberto Silveira (PDT).
A intenção de Zveiter é mostrar que seus adversários são “genéricos” de seus padrinhos políticos.
Veja o vídeo divulgado na internet
A propaganda foi autorizada pela Justiça no dia 4 de agosto. De acordo com o magistrado da 113ª Zona Eleitoral, Ricardo Alberto Pereira, a peça publicitária de Zveiter tornou-se legal a partir do momento em que o PSD colocou nas embalagens o nome do candidato, a identificação do vice, o número que ele usa na disputa e a coligação de seu candidato.
A distribuição do material havia sido cancelada, no dia 30 de julho, por decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ). A suspensão ocorreu porque as caixas não tinham a identificação de Zveiter.
Segundo a assessoria da campanha do concorrente do PSD, serão confeccionadas mais de cem mil unidades das caixas de remédio genérico, que contêm uma bula na qual são textualizadas críticas às administrações municipais de Jorge Roberto da Silveira e do ex-prefeito Godofredo Pinto. A ação de marketing inclui ainda dois vídeos publicados na internet.
“A nossa crítica é política. Ela esclarece ao eleitor quem são os candidatos e a quem são vinculados. O candidato do PT tentou cercear nossa liberdade de expressão, mas não conseguiu. Ele tem medo da verdade. Não tem como negar a sua vinculação ao governo de Godofredo Pinto, até porque dele participou. Então tenta cercear nosso direito à liberdade de expressão política. Mas a democracia falou mais alto”, argumentou Zveiter.
Para a vice-presidente da comissão de Direito Eleitoral da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil), Glória Regina Félix Dutra, que faz parte da equipe jurídica do candidato Rodrigo Neves, a veiculação da peça publicitária pode voltar a ser contestada no TRE.
"A primeira análise estava focada na questão da não identificação da caixinha. Agora podemos ter novas representações, sejam do Rodrigo ou do outro candidato citado, com outra abordagem. A forma que eles encontraram pode até ser original, engraçada, mas se limita a um efeito negativo em relação aos concorrentes", disse.
Dutra afirmou ainda que, em caso de uma nova análise da Justiça Eleitoral, a distribuição das caixinhas pode vir a ser considerada "enganosa" para a população, dada a semelhança do material com as verdadeiras embalagens de remédios genéricos.
"Muitos pegam achando que se trata de remédio. Esse material pode induzir o eleitor a achar que está obtendo algum tipo de vantagem eleitoreira. Nesse caso, o eleitor estaria sendo enganado", finalizou.
Os representantes jurídicos do candidato do PDT, Felipe Peixoto, não foram localizados para comentar o assunto.