O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), apareceu pela primeira vez, nesta sexta-feira (24), no horário eleitoral gratuito de Eduardo Paes (PMDB), atual prefeito do Rio e candidato à reeleição.

Na edição vespertina da propaganda política na TV, o chefe do Executivo fluminense --que enfrentou recentemente uma crise em função de um vídeo gravado durante um jantar em Paris, no qual ele aparece ao lado do empreiteiro Fernando Cavendish, ex-dono da Delta Construções-- tentou associar a política de pacificação (planejada e executada pelo governo do Estado) à gestão municipal.

Já o concorrente do PSOL, o deputado estadual Marcelo Freixo, utilizou seu curto espaço no horário político para apresentar o seu vice, o músico Marcelo Yuka, ex-integrante do Rappa.

Na visão de Freixo, a escolha por Yuka "agrega valores à política", já que o baterista e compositor se engajou em diversos movimentos sociais após ser vítima de um assalto, em 2000, quando levou nove tiros e ficou paraplégico.

Além disso, Freixo exibiu imagens de um encontro com jovens na praça da Cinelândia, no centro, com mais de 2.000 pessoas.

Já o candidato do PSDB, Otávio Leite, utilizou todo o seu tempo de TV para criticar o sistema de saúde do município. Na visão do tucano, o principal problema relacionado ao tema é a falta de médicos.

O concorrente do DEM, Rodrigo Maia, e os demais candidatos à Prefeitura do Rio repetiram as propagandas eleitorais exibidas nos últimos dias.

Cabral tenta ligar UPPs a Paes

Segundo o discurso de Cabral na TV, Paes demonstrou interesse em "ajudar" no processo de implementação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) já em 2008, antes de ser empossado após vencer o pleito daquele ano.

Essa não é a primeira vez que o governo do Estado se mobiliza para agregar à propaganda eleitoral do atual gestor do município a imagem inegavelmente positiva obtida pela secretaria estadual de Segurança Pública com o projeto das UPPs. 

De acordo com o governador, questionado sobre a remuneração dos policiais que atuariam nas favelas pacificadas, o chefe do Executivo carioca assumiu o compromisso de pagar a gratificação dos PMs.

"Eu falei: olha, eu acho que um policial que vai para uma UPP é um policial que precisa de uma gratificação. Ele [Paes] falou: a gratificação é comigo. Aqui na cidade do Rio, a Prefeitura do Rio vai demonstrar o seu apoio pagando a gratificação dos policiais", disse.

Em discurso na inauguração do BRT Transoeste, o Ligeirão, em julho deste ano, antes do início do processo eleitoral, Sérgio Cabral já havia feito a mesma associação, enaltecendo a suposta participação da Prefeitura do Rio na política de pacificação.

Na ocasião, o discurso de Cabral foi considerado pelos adversários uma propaganda eleitoral antecipada. Durante o mesmo evento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu no palanque e afirmou que "pediria votos" para o atual prefeito do Rio. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) puniu Paes e Lula com multas de R$ 5.000.

Operação no Complexo do Alemão

Além de tentar associar as UPPs ao atual prefeito, Cabral destacou a suposta participação ativa de Paes na operação que culminou com a tomada do Complexo do Alemão e do Complexo da Penha, em novembro de 2010.

A estratégia inclui a exibição de imagens gravadas por emissoras de TV, que mostraram, na ocasião, um helicóptero da Polícia Militar carregando uma enorme bandeira do Estado do Rio de Janeiro, além da cena simbólica que marcou a operação: as bandeira do Rio e do Brasil sendo hasteadas no alto do morro.

"Em 2010, houve uma ação muito dura dos criminosos na cidade do Rio. Identificamos o problema: era no Complexo do Alemão e no Complexo da Penha. Nós entramos com as Forças Armadas. E lá estava a prefeitura desde o primeiro momento com o Eduardo Paes, nos apoiando com retroescavadeiras para derrubar obstáculos do tráfico. Entrando com a Comlurb para ajudar na limpeza. Ali a gente já tinha feito muitos obras. Vem a prefeitura do Eduardo e faz mais obras", afirmou Cabral.