Roberto Goés (PDT) e Clécio Luís (PSOL) seguem para o segundo turno em Macapá
Do UOL, em São Paulo
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Arte/UOL
Roberto Góes e Clécio Luiz vão disputar os votos da terceira colocada na disputa, Cristina Almeida (PSB)
O atual prefeito de Macapá (AP), Roberto Góes (PDT), vai disputar o segundo turno da eleição na capital com o candidato do PSOL, Clécio Luís.
A disputa envolve particularidades, já que Góes foi preso em 2010 - acusado de desvio de dinheiro público - e Luiz pode ser o único político de seu partido a ser eleito em uma capital brasileira.
Para o segundo turno, o grande desafio é que as campanhas dos dois candidatos livrem-se dos problemas enfrentados na primeira etapa da eleição.
O candidato à reeleição teve sua campanha prejudicada por uma ordem judicial que o obriga a estar em casa todos os dias até as 22h e o proíbe de se ausentar do Estado sem autorização. De quebra, Góes também foi acusado de ocultar e destruir provas, atrapalhando as investigações sobre desvios de recursos da União, licitações e contratações fraudulentas.
A restrição é consequência da Operação Mãos Limpas, da Polícia Federal, que desbaratou um esquema de desvio de verbas federais por políticos, funcionários públicos e empresários do Estado do Amapá, em 2010. Tal circunstância foi explorada ao máximo pelos seus adversários, e deverá continuar em pauta no segundo turno.
Em nota, a assessoria de imprensa do candidato declarou que “os adversários mentem ao acusar Roberto Góes de desviar recursos e estão sendo processados para ser responsabilizados judicialmente por seus ataques irresponsáveis e insanos, típicos daqueles que anteveem a derrota nas urnas”.
Luís, por sua vez, também foi alvo de polêmica. Pelo Twitter, uma mulher que se identifica como sua ex-esposa disse ter apanhado do candidato e também o acusou de ser infiel. Segundo sua assessoria, o candidato não se manifestaria sobre as acusações, como forma de preservar a integridade da família.
Apoios políticos
Na tentativa de conquistar a prefeitura, Luís conta com o apoio do senador Randolfe Rodrigues (PSOL), eleito em 2010, com 39 anos (o mais jovem do país). Randolfe é membro da CPMI do Cachoeira, que investiga a ligação entre parlamentares e outros agentes públicos e privados com negócios do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Luís projeta-se como “o novo nome da esquerda” no Estado, colocando-se contra os grupos que comandam o cenário político no Amapá. Iniciou sua carreira política no PT, legenda que o levou a ser eleito para a Câmara Municipal de Macapá em 1994 e 1998. Depois disso, foi um dos fundadores do PSOL e concorreu ao governo do Estado, em 2006, tendo obtido 3% dos votos.
Já o prefeito Roberto Góes contou com um apoio discreto do senador José Sarney (PMDB-AP). Neste segundo turno, deve receber um apoio mais explícito do presidente do Senado, e de outros caciques tradicionais da cidade e do Estado.
Sobrinho do ex-governador do Amapá Antônio Waldez Góes, já foi vereador de Macapá e deputado estadual por três vezes.
Quem pode decidir o pleito
A fiel da balança em Macapá poderá ser Cristina Almeida (PSB), que ficou em terceiro lugar nas Eleições. Apoiada pelo governador do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB), sua ausência no segundo turno foi surpresa para muitos. Ela começou com vantagem e contou com a ajuda do governo estadual durante toda a campanha.
O apoio declarado do governador à candidatura de Cristina, com participação frequente em comícios e programas de TV da candidata, fez com que a Justiça proibisse, durante quase toda a campanha, a veiculação de propaganda institucional nos meios de comunicação, sob o argumento de que, com isso, o Executivo Estadual exercia influência subliminar em favor da candidata.