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Em evento do PT, Lula nega que Dilma tenha sido isolada dentro do partido

8.dez.2021 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em discurso - Carla Carniel/Reuters
8.dez.2021 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em discurso Imagem: Carla Carniel/Reuters

Colaboração para o UOL, em Brasília

10/02/2022 21h14

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou hoje que a ex-presidente Dilma Rousseff tenha sido isolada do partido, num momento em que a alta cúpula da sigla se prepara para formar federações partidárias em torno de eventual candidatura do petista.

"Ela pode ter o defeito que for... Mas poucas vezes um país teve uma pessoa da qualidade ética e técnica de Dilma no governo. E a elite brasileira tentou destrui-la. Querem criar divergência, mas o que existe entre a nós é confiança", disse Lula em evento sobre os 42 anos do PT.

A declaração veio após os adversários de Lula terem começado a usar como munição os resultados considerados desastrosos da política econômica do governo Dilma para tentar desqualificar o petista.

Mesmo Lula recentemente criticou a forma de Dilma lidar com dificuldades em seus mandatos de 2011 a 2016, e disse que a petista não teve "a paciência que a política exige".

Discurso de presidenciável

Em sua fala, o ex-presidente afirmou que "o PT precisa voltar a governar o Brasil para que o filho do trabalhador volte a ter a oportunidade de se tornar doutor outra vez".

Lula voltou a usar antigo discurso eleitoreiro sobre os empenhos de seu possível governo para que a população mais pobre volte a ter "pelo menos três refeições por dia e emprego com salário digno e carteira assinada".

Em crítica indireta ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro Paulo Guedes, Lula criticou a atual "subserviência do Brasil aos interesses estrangeiros".

"Precisamos voltar a investir na agricultura familiar, na cultura, na ciência e na tecnologia. A Petrobrás, a Eletrobrás e todas as nossas estatais voltem a ser um patrimônio do povo brasileiro."

Um dia depois de ser alvo de críticas por afirmar que, se eleito, deverá propor "algum tipo de regulamentação" dos meios de comunicação, o ex-presidente Lula voltou a criticar o uso da internet para a disseminação de notícias falsas.

"Numa triste ironia do nosso tempo, a internet —esse grande avanço da ciência—, tem sido usada para desacreditar a própria ciência", disse. "A mesma internet tem servido também para o seu contrário: propagar a ignorância e o negacionismo, e disseminar o ódio, o racismo, o machismo, a homofobia e todas as formas de preconceito, espalhar mentiras e desinformação, inclusive contra as vacinas."

O presidente também falou sobre religião, grupos minoritários e o congolês Moïse, morto depois de ser espancado com mais de 30 pauladas na Barra da Tijuca (RJ).

"Aprendi na Bíblia que se eu não tiver amor, nada serei. Precisamos lutar para que o ódio que matou um trabalhador imigrante, e que todos os dias mata mulheres, negros, índios, gays, lésbicas e transexuais seja banido para sempre", disse. "O amor está na base de todas as religiões."

Apoio de políticos internacionais e do Brasil

Durante o evento de aniversário do PT, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, disse que "o PT é um dos instrumentos mais importantes criados pela classe trabalhadora no Brasil".

Em referência ao governo Bolsonaro, a presidente do PC do B, Luciana Santos, disse a sigla espera, junto ao partido de Lula, criar "um novo momento para o país e virar a página nefasta, marcada pela extrema-direita".

Articulador de possível formação de federação partidária com o PT, Carlos Siqueira, dirigente nacional do PSB, reafirmou o alinhamento ideológico com a sigla de Lula: "Estamos alinhados com o PT há mais de 20 anos. E continuaremos alinhados para vencer o bolsonarismo".

O britânico Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista na Inglaterra e líder da Oposição na Câmara dos Comuns de 2015 a 2020, disse que espera em breve ver a eleição de Lula à presidência. "Queremos ver o PT ser bem-sucedido e no poder", disse.

Gilberto Kassab, presidente do PSD, afirmou destacou a história do PT na política brasileira. "Temos orgulho do legado que o PT nos deixou".

"Vocês sabem que o PT tem algo em comum com o meu partido: ambos são partidos políticos preocupados com o desenvolvimento social e com o desenvolvimento inclusivo!", disse Alberto Fernandez, presidente da Argentina.