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Bolsonaro não conseguiu converter ações em apoio, diz diretor de pesquisas

Do UOL, em São Paulo

12/02/2022 04h00

Atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas eleitorais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda não conseguiu conquistar apoio do eleitorado a partir de políticas públicas de seu governo. É o que aponta o diretor de pesquisa da Quaest, Guilherme Russo, ao avaliar os dois levantamentos divulgados esta semana, da Quaest, na quarta-feira (9) e do Ipespe, na sexta (11).

"O presidente Bolsonaro não tem conseguido fazer com que suas políticas, como o Auxílio Brasil, se transformem em maior apoio, o que me parece ser resultado da alta inflação que tanto afeta a vida dos brasileiros", avaliou Russo.

Lula continua a liderar as pesquisas de intenção de votos para a Presidência da República com larga vantagem; no pior dos cenários testados, ele apresenta uma diferença de dez pontos percentuais em relação a Bolsonaro.

Os resultados das candidaturas de terceira via indicam que as alternativas ainda não decolaram: os principais nomes —Sergio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB)— não chegam a 12% das intenções de voto. "Eles já são majoritariamente conhecidos e têm rejeição alta, o que dificulta a subida nas pesquisas", afirmou Russo.

Na visão do diretor da Quaest, como o ano está no início, muitas pessoas ainda não estão preocupadas com as eleições. Russo afirma que também há indefinição nos partidos, que estão se organizando para definir coligações e apoios.

Isso impacta na visão que o eleitor tem sobre nomes menos conhecidos da terceira via, como os senadores Rodrigo Pacheco (PSD), Simone Tebet (MDB) e o deputado federal André Janones (Avante), que não chegam a 5% nas pesquisas mesmo dentro da margem de erro.

"Mas pensando nos próximos meses, devemos ver maior movimento dos pré-candidatos e aumento na atenção da população às eleições. Em março, os políticos terão de definir a qual partido estão filiados. Em abril, veremos algumas propagandas partidárias na televisão e governantes que querem concorrer a outro cargo, como é o caso de João Doria, devem renunciar a seus mandatos", acrescentou.

Confira, abaixo, o compilado dos resultados de pesquisas da semana:

Quaest

A pesquisa ouviu 2.000 pessoas presencialmente entre os dias 3 e 6 de fevereiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o índice de confiança é de 95%. A pesquisa foi contratada pelo Banco Genial e registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-08857/2022.

Na pesquisa espontânea, quando os entrevistados não recebem uma lista prévia de candidatos, Lula lidera por uma diferença de mais de dez pontos percentuais em relação a Bolsonaro, o segundo colocado. O percentual de indecisos foi maior que a soma dos votos dos dois candidatos: 48%.

Foram testados quatro cenários de primeiro turno, com Lula liderando todos por uma vantagem acima de 20 pontos percentuais em relação a Bolsonaro, o segundo colocado. Na média calculada a partir das quatro simulações, Lula (46%) e Bolsonaro (24%) oscilaram um ponto para cima em relação à média da pesquisa divulgada em 12 de janeiro.

Segundo turno

As simulações de segundo turno testaram apenas a disputa entre Lula e os demais candidatos. O petista saiu vitorioso em todos os cenários por uma diferença de pelo menos 20 pontos percentuais.

  • Lula x Bolsonaro - 54% a 30%
  • Lula x Moro - 52% a 28%
  • Lula x Ciro - 51% a 24%
  • Lula x Doria - 55% a 16%
  • Lula x André Janones - 56% a 14%

Rejeição

Bolsonaro (66%) foi o nome mais rejeitado pela pesquisa, tecnicamente empatado com Moro (62%) dentro da margem de erro. Na sequência aparecem Doria (61%), Ciro (54%) e Lula (43%).

Sobre o Quaest

O Quaest é um instituto de pesquisas com sede em Belo Horizonte e tem uma parceria com a corretora Genial Investimentos, que financia levantamentos sobre a corrida presidencial de 2022. Até 2020, de acordo com o TSE, as pesquisas eram publicadas apenas em Minas Gerais.

Ipespe

A pesquisa Ipespe foi realizada entre 7 e 9 de fevereiro e ouviu mil pessoas com 16 anos ou mais em todas as regiões do país. A coleta das opiniões foi feita por telefone, e a margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com índice de confiança de 95,5%. O levantamento foi encomendado pela XP Investimentos e registrado no TSE sob o protocolo BR-03828/2022.

Os dois cenários estimulados, aqueles em que o nome dos candidatos é apresentado aos entrevistados, têm Lula (43%) na liderança por uma diferença de 18 pontos percentuais. No primeiro deles, o petista teve uma oscilação de um ponto percentual para baixo em relação ao levantamento anterior, publicado em 27 de janeiro. Bolsonaro (25%) e Doria (3%) oscilaram positivamente um ponto, enquanto Moro e Ciro mantiveram o mesmo percentual (8%).

No segundo cenário, testado sem a presença de Ciro, alguns candidatos oscilaram um ponto para cima: Lula, Bolsonaro, Doria, Simone Tebet, Rodrigo Pacheco e Alessandro Vieira.

Lula lidera a pesquisa espontânea com 36% das intenções de votos, 12 pontos percentuais à frente de Bolsonaro (24%). Na sequência aparecem Moro (4%), Ciro (4%) e Doria (1%).

Rodrigo Pacheco e André Janones foram citados por alguns entrevistados, mas não chegaram a 1%, assim como Marina Silva — que oficialmente não manifestou interesse em se candidatar em 2022, embora tenha sido candidata nas três últimas eleições presidenciais. A quantidade de pessoas que não sabem ou não responderam foi de 25%. Brancos e nulos correspondem a 5%.

Segundo turno

Caso as eleições fossem hoje, segundo a pesquisa, Lula sairia vitorioso contra todos os candidatos. Bolsonaro, por outro lado, perderia para Lula e Ciro, e levando em conta a margem de erro, teria chance de ganhar de Doria e Moro.

  • Lula x Bolsonaro - 54% a 31%
  • Lula x Moro - 51% a 31%
  • Lula x Ciro - 50% a 24%
  • Lula x Doria - 53% a 18%
  • Ciro x Bolsonaro - 45% a 33%
  • Doria x Bolsonaro - 40% a 34%
  • Moro x Bolsonaro- 32% a 30%

Rejeição

O levantamento perguntou aos entrevistados a probabilidade de votos em cada candidato. Bolsonaro foi o mais rejeitado, com 62% dos entrevistados afirmando que não votariam nele de jeito nenhum. Outros 26% dizem que votariam com certeza no presidente.

Doria foi o segundo nome mais rejeitado (59%), seguido de Moro (55%), Ciro (45%), Rodrigo Pacheco (45%) e Lula (43%). No caso do petista, 43% dos entrevistados também disseram que votariam nele com certeza.

Sobre o Ipespe

O Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) é uma empresa de pesquisas fundada em 1986 e com sede no Recife. O instituto geralmente faz pesquisas eleitorais por telefone, quando operadores ligam para eleitores selecionados conforme a distribuição de todo eleitorado brasileiro e os questionam sobre suas preferências eleitorais.

O instituto realiza pesquisas eleitorais financiadas pela XP Investimentos. Durante as eleições presidenciais de 2018, foram pelo menos duas. Em 2022, publicou os primeiros dois levantamentos nos dias 14 e 27 de janeiro. A XP não assina o seu nome no levantamento desde setembro de 2021.