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Lula sobre o impeachment de Dilma: 'Se pensar só nisso, estou paralisado'

Ex-presidente Lula defendeu conversas com quem votou pelo impeachment de Dilma - Reprodução/YouTube
Ex-presidente Lula defendeu conversas com quem votou pelo impeachment de Dilma Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

15/02/2022 10h10

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em entrevista hoje à Rádio Banda B, de Curitiba, que, caso seja eleito, não deixará de conversar com aqueles que foram a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rosseff (PT), em 2016, e que, se fizesse isso, estaria "paralisado" na política.

"Se você só for conversar com quem não votou no impeachment na Dilma, você não tem com quem conversar porque 90% da classe política votou no impeachment da Dilma. Se eu ficar pensando só nisso, eu então estou paralisado diante da política", disse o petista.

Segundo o ex-presidente, ele precisará olhar para o "país do futuro" para governar e não vai poder descartar diálogos com o Congresso Nacional.

"Não adianta eu dizer que não gosto de um deputado ou de um partido. Eles não pediram a mim para ser deputado ou dirigente de partido. Na verdade, eles representam uma parcela da sociedade brasileira. Se eu tiver que conversar com as pessoas, eu vou conversar com as pessoas. Eu preciso pensar o Brasil a partir de 2023, e não de 2010, 2014 ou 2015. Eu tenho que pensar no país do futuro", afirmou.

A ex-presidente Dilma foi afastada definitivamente do cargo em agosto de 2016, sob a acusação de ter cometido crimes de responsabilidade fiscal, chamadas popularmente de "pedaladas fiscais".

Apesar de ter deixado o mandato, a petista não foi punida com a inabilitação para funções públicas, o que permite que ela se candidate novamente para cargos eletivos — como fez em 2018, quando tentou ser senadora por Minas Gerais, mas perdeu — ou exerça outras funções na administração pública.

Em um artigo publicado no início de fevereiro na revista do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, disse que o "motivo real" para a queda de Dilma foi falta de apoio, e não as pedaladas fiscais.

'Nem considero candidato', diz Lula sobre Moro

Durante a entrevista, Lula também fez ataques a Sergio Moro e disse que o ex-juiz, para ele, nem é candidato.

"Ele [Moro] foi uma invenção. Um boneco de barro criado pela mídia brasileira que está desmoronando. Eu não considero ele [Moro] nem candidato. O papel dele está sendo tão ridículo que eu quero que ele apareça mais. Eu quero que ele seja desnudado da toga. Aquele homem sem toga não vale nada", afirmou o petista.

O presidenciável do Podemos rebateu as críticas do adversário e disse que Lula tem "medo". ""O destempero do Lula confirma o que sempre pensei: ele tem medo da Lava Jato e do que o meu projeto representa. Não preciso da toga para enfrentar ninguém. A verdade basta", disse o ex-juiz.

Aliança com Alckmin segue em aberto

Lula disse ainda que não bateu o martelo da escolha de seu vice para a corrida presidencial, mas voltou a sinalizar positivamente ao ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido). "O Alckmin ainda não tem partido e eu ainda não sou candidato. Se o Alckmin for meu vice, não vejo nenhum problema. A gente vai colocar as divergências de lado para fazer o que precisa", disse.

O petista afirmou que não precisa de alguém do próprio PT para compor a sua chapa. "Eu não quero um vice igual a mim. Eu não preciso de um vice do meu partido. O problema do Brasil não é ganhar as eleições apenas, mas também consertar o que foi destruído. [...] É preciso fazer com que a gente conserte o país", completou.