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PSDB aumenta pressão sobre Leite para que dispute reeleição no RS

O governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), discursa em evento do partido em Porto Alegre; ele sofre pressão dos correligionários para disputar mais um mandato - 12.fev.2022 - Reprodução/Facebook/psdbrs
O governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), discursa em evento do partido em Porto Alegre; ele sofre pressão dos correligionários para disputar mais um mandato Imagem: 12.fev.2022 - Reprodução/Facebook/psdbrs

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

16/02/2022 04h00

O PSDB tem ampliado a pressão para que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, dispute a reeleição no pleito de outubro. Os apelos a Leite não são apenas do diretório estadual, mas também da direção nacional do partido.

O governador gaúcho diz ser contra a reeleição —ele, por exemplo, não tentou um segundo mandato à frente da Prefeitura de Pelotas em 2016. Em discurso a correligionários, no último sábado (12), porém, sua fala deu a entender que ele pode mudar de ideia. Apesar de, em nota, agora dizer que "não falou em nenhum momento sobre concorrer à reeleição."

Ao falar sobre sua convicção contra a reeleição, ele disse, no evento, que também tem "a convicção de que não podemos permitir que o estado se perca".

"Não vou me omitir nesse processo eleitoral", disse, acompanhado de demonstrações de apoio dos tucanos que acompanhavam o discurso. "Não sei se será como candidato. Mas tenham certeza que vou participar de forma ativa."

Alguns pontos levaram os tucanos a considerar a reeleição de Leite:

  • Não surgiu alguém que seja um sucessor natural;
  • Leite lidera pesquisa sobre a eleição gaúcha, com chances de ser o primeiro governador reeleito após a redemocratização;
  • Evitar polarização entre esquerda e bolsonaristas no Rio Grande do Sul;
  • Aposta em fortalecer o governador de olho na eleição presidencial de 2026;
  • As conversas com o PSD para mudança de partido e que ele dispute o Planalto.

Pesquisa do RealTime Big Data divulgada em 17 de janeiro mostrava Leite com 25% das intenções de voto, à frente de seu antecessor no cargo, José Ivo Sartori (MDB), 16%. No cenário sem Leite, o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, que irá se filiar ao PL, aparece na segunda colocação.

Contra esquerda e bolsonaristas

Líder da bancada do PSDB na Assembleia gaúcha, o deputado estadual Mateus Wesp diz acreditar que a provável federação entre PT, PSB, PCdoB e PV, partidos da esquerda, pode crescer na disputa e repetir no estado a polarização com o bolsonarismo.

"Aí você tem a possibilidade de a esquerda repetir a história", disse, lembrando o histórico recente de o PT assumir o estado após partidos de centro terem governado.

Além do resultado na pesquisa, os tucanos têm usado como argumento para o governador o fato de representantes do setor econômico quererem mais um mandato de Leite por causa das reformas que ele implementou no estado.

"Os líderes empresariais e o movimento político partidário [pedem novo mandato]", diz o deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB-RS)."A gente não pode não tê-lo como nome à disposição da sociedade."

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Tucanos fazem apelo para Eduardo Leite em evento do partido para que o PSDB governe o Rio Grande do Sul por mais quatro anos
Imagem: 12.fev.2022 - Reprodução/Facebook/psdbrs

Reeleição inédita?

Leite também pode mudar uma tradição gaúcha: não reeleger governadores. Desde que a reeleição voltou ao sistema político no país, em 1998, quem estava no cargo não conseguiu manter-se para um segundo mandato.

"Ele tem os pré-requisitos necessários para disputar uma reeleição e conquistar uma vitória em um estado que tem uma dificuldade para reeleger", diz o deputado federal Beto Pereira (PSDB-MS), secretário-geral do partido. "Ele tem um legado a ser defendido."

No evento de sábado, o presidente nacional do partido, Bruno Araújo, ressaltou que Leite tornou-se um dos principais ativos da política brasileira após o processo de prévias do PSDB para a escolha da candidatura presidencial, conquistada pelo governador paulista, João Doria.

Araújo disse entender que Leite tem um "compromisso ético" contra a reeleição, mas que ele não pode deixar o estado "voltar a ser escravo da falta de esperança, da ineficiência".

O presidente tucano aposta que o governador tem chances de ser reeleito já no primeiro turno, e que o dinheiro reservado para a campanha de segundo turno "vai para a poupança da eleição presidencial". Em publicação no Twitter ontem, Araújo também indicou duvidar que Leite mude de partido.

Em sua fala, o governador ressaltou que o partido não quer deixar o estado "à deriva", citando "candidaturas populistas de esquerda, de direita". "Aqui, a gente vai ter uma eleição que vai ter a polarização nacional replicada", disse. "Estarei onde entenderem que eu deva estar."

Ter Leite como candidato também ajudaria o PSDB a aumentar as chances de manter um dos três estados que governa. Além do Rio Grande do Sul, os tucanos estão à frente de São Paulo e Mato Grosso do Sul, estados onde, no cenário de hoje, o PSDB poderia ter dificuldades no pleito.

Apoiadores

Entre quem tem apoiado que Leite busque a reeleição estão nomes que eram vistos como possibilidade de pré-candidatos à sucessão, como o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) e a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB) —que sucedeu o governador na administração municipal.

"Sou pré-candidato a governador pelo PSDB desde que o Eduardo não seja o candidato. Se ele for, terá todo meu apoio", disse o vice-governador.

Para a prefeita, ao observar o cenário, "o melhor candidato" para manter o que tem sido feito pela gestão "é o próprio governador". Não é que ele seja o único nome. Mas, por tudo que ele fez, a gente acha que ele é o nome mais forte."

Tanto o vice quanto a prefeita elencam as três possibilidades hoje de Leite:

  • Repensar sobre ser contrário à reeleição;
  • Analisar o convite do PSD e a possibilidade de se lançar na corrida presidencial;
  • Cumprir o mandato e ficar afastado como mandatário, nos próximos quatro anos.

Na opinião de Mascarenhas, o "futuro do estado é maior" do que a posição dele de ser contra a reeleição. "Mas não está nada definido ainda."

A única certeza é que uma decisão precisa ser tomada em um horizonte de pelo menos um mês. Em 2 de abril, a seis meses da eleição, a janela para troca partidária ou desincompatibilização estará fechada.