Vácuo de Alckmin dá espaço a Tarcísio e chama atenção de adversários em SP
O interior de São Paulo é, hoje, uma das principais preocupações dos pré-candidatos ao governo do estado mais populoso do Brasil. Com Geraldo Alckmin fora da disputa, as campanhas começam a preparar estratégias para abocanhar os votos do ex-governador cuja gestão é bem avaliada no interior.
O UOL apurou que a expectativa dos pré-candidatos é que os eleitores de Alckmin escolham um candidato de centro ou centro-direita. Opções não faltam, mas os políticos ligaram o alerta para a possibilidade desses votos serem transferidos, no final das contas, para a possível candidatura apoiada pelo governo Jair Bolsonaro (PL), do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.
Pesquisas internas encomendadas por partidos políticos já apontam um melhor desempenho do ministro na disputa em um território que, até 2018, era praticamente exclusivo do PSDB. Desfiliado do PSDB, Alckmin, por ora, está fora da disputa de São Paulo e com a atenção voltada para uma possível chapa com o ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto.
Quando ainda era tucano, Alckmin foi o político que por mais tempo comandou o estado de São Paulo (2001 - 2006 e 2011 a 2018) e, habitualmente, visitava todas as cidades interioranas para fortalecer sua relação com as bases.
O Palácio dos Bandeirantes é um palanque importante, na avaliação das candidaturas, e ajudou Alckmin em sua campanha à reeleição. Os tucanos continuam no comando da máquina com João Doria (PSDB) que, em abril, deve passar o comando do estado ao vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB).
O problema é que Doria está longe de ter a aprovação que Alckmin tinha entre a população do interior paulista. Os embates públicos com Jair Bolsonaro e a adoção de medidas restritivas por causa da pandemia teriam aumentado o sentimento de rejeição ao tucano nas regiões.
A mais recente pesquisa Datafolha, divulgada em setembro do ano passado, aponta que Doria tem 38% de reprovação e 24% de aprovação em sua gestão no estado. Alckmin deixou o governo em 2018 com uma reprovação de 22% e aprovação de 36%.
A expectativa da campanha de Rodrigo Garcia, que trabalhou na gestão de Alckmin em 2011, é que há um longo tempo até outubro para reverter os votos do ex-governador para a campanha tucana. Garcia foi eleito deputado estadual e federal alavancado por cidades do interior de São Paulo.
A distância até outubro e a volatilidade das pesquisas eleitorais também são lembradas pelos candidatos que devem concorrer ao governo do estado.
A outra disputa é do ex-governador Márcio França, que quer concorrer ao Palácio dos Bandeirantes neste ano, mas está negociando a candidatura com Fernando Haddad (PT) em meio às tratativas de uma federação partidária com o PT, PV e PCdoB. Caso haja junção, a federação deve durar por quatro anos e colocar na disputa apenas um candidato que represente os partidos envolvidos.
Numa chapa com Alckmin, França considerava uma eleição praticamente certa por, na sua avaliação, o ex-tucano ser bem avaliado no interior e ele, na capital e no litoral paulista. França defende que deve receber os votos de Alckmin com mais facilidade que Haddad, representante do PT, sigla que teria pouco apelo nas cidades do interior paulista.
A esperança também é que Tarcísio tenha dificuldade de puxar para si os votos de Alckmin, porque carregaria consigo para a disputa a reprovação do governo Jair Bolsonaro. A última pesquisa PoderData apontou 63% de reprovação da gestão Bolsonaro.
Outro ponto que murcharia a campanha do ministro, analisam as campanhas, é que seu rosto seria pouco conhecido pelos paulistas. Ele também é acusado pelos rivais de desconhecer a história do estado — Tarcísio nasceu no Rio de Janeiro e fez carreira em Brasília.
Nesse sentido, o ministro tenta se preparar. Antes da campanha, está estudando a história de São Paulo e tem aparecido no estado em agendas do presidente.
Na mais recente pesquisa eleitoral, do Ipespe, Haddad empata com Alckmin na corrida pelo governo paulista. Sem Alckmin, Haddad lidera com 28%; França vem na sequência com 18%; Guilherme Boulos (PSOL) em terceiro com 11% e Tarcísio em quarto lugar, com 10%.
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