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Federação com PT não está em debate, diz presidente do PSOL

Integrantes do PSOL e do PT discutem termos para eventual apoio a Lula no 1º turno das eleições - Divulgação
Integrantes do PSOL e do PT discutem termos para eventual apoio a Lula no 1º turno das eleições Imagem: Divulgação

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

09/03/2022 14h34Atualizada em 09/03/2022 14h34

O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, afirmou hoje que uma federação com o PT não está em debate no partido atualmente, embora avalie que houve avanço nas tratativas para apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto no primeiro turno das eleições de outubro.

"Isso [a federação] não está em debate no PSOL", disse ao UOL ao ser questionado sobre o assunto. "Neste momento, com as proporções do PT, do PSOL, são partidos de tamanhos muito diferentes."

Na avaliação de integrantes do PSOL, fazer um movimento desse às pressas para a eleição deste ano traria mais dificuldades para a construção da unidade do que facilidades. Por isso, o debate não chegou a ser aberto.

Aprovada por lei no ano passado, uma federação partidária prevê que os partidos funcionem como um bloco único não apenas durante a eleição, mas nos quatro anos de mandato após o pleito, com bancada unificada no Congresso.

A criação das federações, na prática, socorre as siglas pequenas, ameaçadas de ficar sem verbas do fundo partidário e tempo de televisão por não cumprirem as cláusulas de desempenho definidas por lei. Com a federação, estes partidos podem se manter em atividade sem a necessidade de fusão com um partido maior.

PSOL e Rede

O PSOL discute a formação de uma federação com a Rede Sustentabilidade, mas a união ainda não está selada. Alguns integrantes da Rede defendem que partidários possam apoiar o pré-candidato do PDT ao Planalto, Ciro Gomes. Se a federação for formada, dizem, o grupo seguirá Lula.

O apoio a Lula, sem um candidato próprio à Presidência do PSOL, ainda não está confirmado. Uma definição só deve ocorrer na conferência eleitoral do partido, prevista para 30 de abril.

Hoje pela manhã, Medeiros e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, além de integrantes dos partidos, se reuniram formalmente pela primeira vez para discutir os termos de apoio ao Lula. Foram discutidos os pontos programáticos que o PSOL quer que sejam inseridos no programa de governo de Lula, a presença do PSOL na coordenação da campanha do petista e a possível chapa de Lula com Geraldo Alckmin (sem partido) como vice.

"Introduzimos esses três temas hoje e foi positiva a reunião. Senti que há abertura do PT em relação às nossas explicações para a incorporação de elementos que são importantes para a gente no programa de governo do Lula", afirmou Medeiros.

O PSOL quer que o PT se comprometa com a revogação do teto de gastos, da reforma trabalhista e da reforma da Previdência aprovados nos últimos anos, por exemplo. Quer também um compromisso de taxação a super-ricos e de desmatamento zero na Amazônia. As fundações de ambos os partidos vão se reunir nas próximas semanas para discutir como viabilizar esses pontos na prática.

Medeiros afirmou que o PSOL quer "compromissos concretos, não só boas intenções".

Pelo Twitter, Gleisi afirmou que a conversa com o PSOL foi "muito boa" e haver "convergências com pontos programáticos e na necessidade de enfrentar e vencer Bolsonaro e o bolsonarismo". Também reforçou que as conversas continuarão ao longo das próximas semanas.

Alckmin como vice de Lula não é do agrado do PSOL, mas, se as demais tratativas forem bem-sucedidas, isso facilita um acordo para que não chegue a ser um empecilho.

A deputada federal Talíria Petrone (RJ), que também participou da reunião, reforçou à reportagem que a reunião teve saldo geral "muito positivo" e defende que o objetivo maior dos partidos de esquerda seja uma união para tentar derrotar o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua busca pela reeleição.

"O PSOL tem maioria partidária hoje que entende ser necessária essa unidade no primeiro turno. Para isso a gente está tentando viabilizar um acordo programático que a gente entender o mínimo para tirar o Brasil dessa crise."