Ex-pré-candidato à Presidência, Alessandro Vieira deixa o Cidadania
O senador sergipano Alessandro Vieira, que chegou a ser pré-candidato à Presidência da República pelo Cidadania, anunciou hoje a sua saída do partido.
Em nota, o político justificou a decisão citando a permanência do ex-ministro e ex-deputado Roberto Freire como presidente da legenda e o que diz ver como "distanciamento entre o sentimento popular e a conduta de figuras públicas". Contudo, ainda não sinalizou qual será a sua nova sigla.
"Os próximos passos serão definidos juntamente com nossos parceiros de construção política em Sergipe e em Brasília, com toda a transparência que caracteriza nosso trabalho", limitou-se a dizer, em nota.
É a segunda desfiliação do partido em menos de uma semana. Na última segunda-feira (7), a senadora Leila Barros comunicou a sua saída após o Cidadania aprovar formação de federação partidária com o PSDB.
A decisão, aliás, minou o nome de Vieira para a disputa presidencial. Políticos da sigla projetavam uma desistência forçada para a tentativa de uma eventual chapa encabeçada pelo tucano João Doria, com a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) como vice. Em sua nota de desfiliação, porém, Vieira elogiou as colegas de bancada citando a convivência "muito proveitosa nos últimos anos".
"Tenho certeza de que estaremos juntos na caminhada em defesa da democracia e dos brasileiros, mesmo que em partidos políticos diferentes", escreveu.
Por enquanto, mesmo com a confirmação da federação, PSDB e Cidadania permaneceram com os seus pré-candidatos à Presidência. Na ocasião, Vieira, que se absteve da discussão, chegou a defender a manutenção do seu nome como presidenciável.
Vieira: manutenção de "feudos" breca renovação
Entretanto, a federação partidária com o PSDB não foi diretamente citada em sua nota de desfiliação do Cidadania. Ao falar sobre o que entende ser uma "necessidade urgente de renovação política" apontada em pesquisas e eleições, Vieira criticou a manutenção de "feudos e privilégios" de dirigentes partidários, impedindo a "consolidação de novas lideranças".
"A consequência primeira desta postura é o crescente descrédito da classe política, também confirmado em pesquisas, mas ainda mais grave é a lacuna de representação que se alarga a cada ano no Brasil, abrindo espaço para populistas irresponsáveis", escreveu em nota.
O ex-presidenciável ainda citou o seu ingresso na sigla, em dezembro de 2018 em um contexto de "renovação política e modernização partidária". "Com alteração do Estatuto e manutenção de Roberto Freire como presidente, condição que ostentará por 34 anos, levam à conclusão de que é absolutamente inviável a minha permanência como filiado do Cidadania", concluiu.
A federação com o PSDB foi vista como uma vitória política de Freire, com quem Vieira vinha trocando farpas internamente. Eles chegaram, inclusive, a bater boca em uma reunião
Abaixo, a nota de Alessandro Vieira na íntegra:
Um dos maiores problemas que enfrentamos no Brasil é o absoluto distanciamento entre o sentimento popular e a conduta das figuras públicas nacionais. A necessidade urgente de renovação política é apontada a cada pesquisa e eleição há anos, mas parlamentares e dirigentes partidários preferem ignorar esta realidade e investir na manutenção de seus feudos e privilégios, retardando ou mesmo impedindo a formação e consolidação de novas lideranças.
A consequência primeira desta postura é o crescente descrédito da classe política, também confirmado em pesquisas, mas ainda mais grave é a lacuna de representação que se alarga a cada ano no Brasil, abrindo espaço para populistas irresponsáveis.
Ingressei no Cidadania em dezembro de 2018, em um contexto de renovação política e modernização partidária, que foi materializado no Estatuto, com vedação às reeleições infinitas e abertura para os novos movimentos sociais. A pretensão era justamente representar o anseio popular por um partido moderno e diverso.
Ao longo destes anos, tenho plena convicção de que representei este sentimento no Senado e também dentro do partido, tendo a coerência, o espírito público e a transparência como princípios norteadores do meu trabalho.
Estes mesmos princípios, diante do rompimento do compromisso de renovação, com alteração do Estatuto e manutenção de Roberto Freire como presidente, condição que ostentará por 34 anos, levam à conclusão de que é absolutamente inviável a minha permanência como filiado do Cidadania.
Manifesto publicamente meu respeito pelos filiados e parlamentares, com os quais convivi de forma muito proveitosa nos últimos anos, em particular minhas colegas de bancada Leila Barros e Eliziane Gama.
Tenho certeza de que estaremos juntos na caminhada em defesa da democracia e dos brasileiros, mesmo que em partidos políticos diferentes.
Os próximos passos serão definidos juntamente com nossos parceiros de construção política em Sergipe e em Brasília, com toda a transparência que caracteriza nosso trabalho.
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