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Ciro ataca Lula e diz: 'Bolsonaro sabe que posso tirá-lo do segundo turno'

Ciro Gomes (PDT) participou de conferência com presidenciáveis - Reprodução
Ciro Gomes (PDT) participou de conferência com presidenciáveis Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em São Paulo*

18/03/2022 10h26Atualizada em 18/03/2022 19h15

O presidenciável Ciro Gomes (PDT) voltou a atacar o ex-mandatário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as antigas gestões do petista e ainda afirmou que o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL), sabe que ele pode tirá-lo do segundo turno no pleito deste ano. As declarações foram dadas em entrevista ao Manhã de Notícias, da TV Tiradentes, de Manaus.

Ciro criticou que Bolsonaro tenha se filiado ao PL (Partido Liberal), em novembro de 2021, sigla gerida por Valdemar Costa Neto, um dos pivôs do Mensalão — pelo qual foi preso e condenado.

Costa Neto é um dos caciques do bloco conhecido como centrão, formado por partidos periféricos e que costumam remar de acordo com a maré na política. Bolsonaro foi eleito em 2018 com críticas a essas siglas e ao ambiente de corrupção em Brasília.

"O povão não sabe quem é Valdemar Costa Neto, mas eu sei. Valdemar Costa Neto é o presidente do partido PL, que o Bolsonaro se filiou, e é o homem que foi condenado no mensalão porque o Lula deu o Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] para ele roubar. O Lula também deu os Correios para o Roberto Jefferson roubar e agora ele parece ligado ao Bolsonaro."

"Isso é o que eu estou representando, a negação desse modelo político e econômico. E o Bolsonaro sabe que eu posso tirá-lo do segundo turno", acrescentou.

Para Ciro, o atual mandatário sabe "o que ele representa", sendo uma "negação às grandes mentiras" do chefe do Executivo.

O presidenciável ainda destacou que Bolsonaro foi eleito em 2018 não porque tinha uma boa proposta, mas em razão de Lula e o PT "produzirem simultaneamente a maior crise econômica da história brasileira, que é essa crise que está aí".

Bolsonaro está agravando, mas não foi ele que criou essa crise, vamos ser honestos. Essa crise foi criada pelo Lula e pelo PT que desmantelaram a economia do Brasil e, em cima disso, o maior escândalo de corrupção da história da humanidade, ao menos que eu tenho conhecimento. Que o Moro trocou os pés pelas mãos [ao julgar Lula] a gente está cansado de saber, mas que o Lula levou a corrupção ao centro de poder.
Ciro Gomes

Mais críticas ao PT e diálogos com União Brasil e PSD

Ciro declarou que não quer mais conversa, "nem para ir ao paraíso", com o Lula ou petistas e comentou que se afastou da sigla quando viu a corrupção dentro da legenda.

"Eu vi eles [do PT] se corrompendo, eu me afastei, eu denunciei, eu fui processado pelo Eduardo Cunha, que o Lula deu a presidência da Câmara e deu Furnas para ele roubar. Fui processado pelo Michel Temer, que o Lula botou na linha de sucessão da presidência e quem criou essa política de preços da Petrobras."

O pedetista criticou que Lula esteja maldizendo da política de preços da Petrobras, mas quando estava no poder fez "maior privatização do capital da estatal". Na última semana, a Petrobras anunciou reajuste nos preços da gasolina, diesel e GLP, o gás de cozinha.

"Chega. [O Lula] já fez muito mais mal ao Brasil do que o bem que fez naquele momento. Ele fez bem ao Brasil, ele foi um presidente que tem uma boa memória no Brasil, mas a partir daí virou um cara da ladroeira, da corrupção, da mentira, não da mais para viver com isso."

Apesar de não querer diálogo com o PT, o pedetista confirmou que está conversando com o União Brasil (fusão do PSL com o DEM) e com o PSD. Uma reportagem veiculada na noite de ontem pela Folha de S.Paulo mostrou que o União Brasil tenta atrair Ciro para unificar a chamada terceira via contra Lula e Bolsonaro em um possível segundo turno.

"[As conversas são] consequências de uma aliança que já fizemos no ano retrasado com a eleição municipal. Esse desdobramento está acontecendo porque eu quero ver se me reúno com todas as não viúvas de Bolsonaro, que a imprensa de São Paulo chama de terceira via, mas eu não tenho nada a ver com Moro, Doria, que são as viúvas de Bolsonaro. Eu estou em outra."

Ciro se estabiliza nas pesquisas

Pesquisa Genial/Quaest divulgada ontem mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como líder na corrida presidencial, entre eleitores no estado de São Paulo. No cenário com 10 pré-candidatos, Lula tem 39% das intenções de voto na pesquisa estimulada, quando os nomes são apresentados ao eleitor. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em segundo, com 25%.

O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) atingiu 8%, e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), 5%. Os dois estão empatados dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

O governador de SP, João Doria (PSDB), tem 3% das intenções de voto e empata tecnicamente com Ciro, mas não com Moro.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), a senadora Simone Tebet (MDB) e o deputado federal André Janones (Avante) ficaram com 1%. Os três estão tecnicamente empatados com Ciro, no limite da margem de erro, e com Doria. Felipe D'Ávila e Alessandro Vieira não pontuaram.

*Com Lucas Borges Teixeira, Hanrrikson de Andrade e Luma Poletti, do UOL, em São Paulo e em Brasília, e Colaboração para o UOL, em Brasília