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Bolsonaro atraiu para o PL quase metade da bancada eleita pelo PSL em 2018

27.mar.2022 - o presidente Jair Bolsonaro participa de um evento do PL ao lado de Valdemar Costa Neto  - Pedro Ladeira/Folhapress
27.mar.2022 - o presidente Jair Bolsonaro participa de um evento do PL ao lado de Valdemar Costa Neto Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Rafael Neves

Do UOL, em Brasília

31/03/2022 04h00Atualizada em 31/03/2022 08h58

Filiado ao PL no final do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro atraiu para a nova sigla quase metade dos 52 deputados que haviam sido eleitos para a Câmara pelo antigo PSL, em 2018. O partido, que se tornou o União Brasil após a fusão com o DEM, só conseguiu reter 19 congressistas daquela bancada. Outros 23 acompanharam Bolsonaro rumo ao PL e os 10 restantes se espalharam por mais seis legendas.

O cenário ficou definido após as trocas da janela partidária, que esteve aberta por todo o mês de março e se encerra amanhã. Nesse período, migraram para o PL a maioria dos parlamentares eleitos na esteira da popularidade de Bolsonaro, em 2018, e que já pretendiam deixar o PSL desde a saída do próprio presidente, em novembro de 2019.

Conhecidos por fazer críticas ao chamado bloco do centrão quando entraram para a política, na campanha de 2018, bolsonaristas se filiaram à legenda comandada por Valdemar Costa Neto, um dos condenados no escândalo do mensalão. No evento de filiação de boa parte do grupo, em Brasília, Costa Neto afirmou que eles devem "ser fiéis a Bolsonaro e fazer tudo que ele pede".

A deputada Carla Zambelli (PL-SP) criou, inclusive, um coletivo de candidatos chamado "Lealdade Acima de Tudo". Trata-se de um conjunto de 27 bolsonaristas postulantes à Câmara dos Deputados, um para cada estado, que vão usar o mesmo número de urna e compartilhar esforços nas campanhas uns dos outros.

Em Minas Gerais, o nome escolhido para esta frente eleitoral é o jogador de vôlei Maurício Souza, que ganhou popularidade entre os bolsonaristas depois de sofrer consequências por ter feito comentários homofóbicos sobre um novo HQ que retrata o Super-Homem como bissexual. No Ceará, o candidato será o coronel Antônio Aginaldo, comandante da Força Nacional e marido de Zambelli.

A maior parte dos membros dessa força-tarefa, no entanto, é de políticos que mantiveram o alinhamento ao bolsonarismo ao longo dos mais de três anos de governo, como a vice-governadora de Santa Catarina Daniela Reinehr e deputados como Major Fabiana (RJ), José Medeiros (MT) e Tio Trutis (MS).

A divisão

Dos 52 deputados eleitos com o PSL em 2018, 23 já se filiaram ao PL e vão novamente disputar as eleições ao lado de Bolsonaro. O grupo costuma liderar, no Congresso, a defesa dos interesses e visão de mundo do presidente, a começar por Eduardo Bolsonaro (SP).

O partido se tornou a maior bancada da Câmara, com 66 deputados já confirmados após as trocas da janela partidária, que se fecha amanhã. Já o União Brasil, que chegou a somar mais de 80 parlamentares após ter sua criação homologada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), caiu para 52, exatamente o número de eleitos pelo PSL em 2018.

A bancada do União, por sua vez, passa a ser a terceira maior da Câmara, atrás também do PT. Dos bolsonaristas eleitos em 2018, ficaram nomes que romperam com o presidente desde o início do mandato, como Delegado Waldir (GO), Júnior Bozzela (SP), Julian Lemos (PB) e o comandante da sigla, Luciano Bivar (PE).

11.10.2018 - O então candidato Jair Bolsonaro iniciava suas atividades na campanha do segundo turno das eleições 2018 - Cesar Sales/AM Press & Images/Folhapress - Cesar Sales/AM Press & Images/Folhapress
11.out.2018 - O então candidato Jair Bolsonaro iniciava suas atividades na campanha do segundo turno das eleições 2018
Imagem: Cesar Sales/AM Press & Images/Folhapress

A um dia do fim da janela, ainda há um deputado que não confirma se migrará ou não de partido. É Filipe Barros (PR), aliado próximo do governo que chegou a ser listado na frente de candidatos de Zambelli. Diferente dos demais, porém, Barros não formalizou a troca. O UOL procurou o gabinete de Barros, que não confirmou se ele passará ou não ao PL.

Apenas dois parlamentares já tinham saído do PSL antes da janela partidária, após provarem justa causa para a troca na Justiça Eleitoral. São Joice Hasselmann (SP) e Alexandre Frota (SP), que passaram ao PSDB.

Outros dois foram parar no PTB, que enfrenta nesse momento uma briga entre aliados e rivais do ex-deputado Roberto Jefferson. Também condenado no mensalão, ele luta para manter influência no comando da sigla, que filiou Soraya Manato (ES) e Daniel Silveira (RJ).

O deputado confirmou a mudança em meio à crise com o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que ontem estabeleceu uma série de punições contra o deputado por se recusar a usar a tornozeleira eletrônica e a cumprir restrições impostas pelo ministro.

Os demais remanescentes do PSL se filiaram ao PP (três deputados) e a PROS, Republicanos e PSC (um deputado cada). Apesar da mudança de sigla, eles têm afirmado que mantêm alinhamento com Bolsonaro.