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Cabo Daciolo se filia ao PDT depois de encontro "sobrenatural" com Ciro

O ex-ministro Ciro Gomes e o ex-deputado federal Cabo Daciolo - Reprodução/Twitter
O ex-ministro Ciro Gomes e o ex-deputado federal Cabo Daciolo Imagem: Reprodução/Twitter

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

02/04/2022 15h33

Após ter sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro cancelada, o ex-deputado federal Cabo Daciolo confirmou hoje que se filiou ao PDT para tentar uma vaga no Senado pelo Rio.

Daciolo contou que sua filiação se deu de forma "sobrenatural" depois de um encontro com Ciro Gomes, pré-candidato a presidente pelo PDT, no Ceará. "O espírito santo começou a me incomodar para ir orar com Ciro", disse.

O ex-deputado afirmou que o encontrou se deu em dezembro, no dia em que Ciro foi alvo de uma operação da Polícia Federal. Ele desistiu da pré-candidatura à Presidência da República ano passado e declarou apoio a Ciro Gomes.

Na campanha de 2018, Daciolo e Ciro protagonizaram um diálogo que marcou um dos debates da corrida presidencial. Daciolo acusou Ciro de ser um dos idealizadores do plano "Ursal", que determinaria uma junção socialista na América Latina.

"Fui na casa dele. Ele não esperava receber o Cabo Daciolo ali, mas o encontro estava escrito no céu. Preguei para ele, falei do amor de cristo", contou à reportagem. "No avião do Ceará para o Rio, o espírito santo começou a me incomodar para abandonar a candidatura a presidente e dar meu voto para o Ciro. Cumpri essa ordem".

A filiação de Daciolo ao PDT se dá após um imbróglio público com o PROS. O ex-deputado anunciou que era candidato ao governo do Rio pelo partido, mas a sigla negou e disse não ter dado aval para o anúncio.

"A iniciativa foi adotada sem consulta ao PROS Nacional, tendo os supostos membros do PROS/RJ promovido o anúncio sem possuírem qualquer legitimidade", disse o partido em comunicado.

"A quadrilha que está instaurada no Rio de Janeiro começou a manifestar contra [a candidatura dele ao governo do Rio]", disse Daciolo. O anúncio teria incomodado o governador do estado, Cláudio Castro (PL), que costura alianças com o PROS para reeleição.

Antes, houve conversas com PROS para que Daciolo tentasse um cargo no estado de São Paulo para Senado ou governo.

"O PDT tem um projeto nacional de desenvolvimento. Quero poder somar com esse projeto", concluiu Daciolo.

Carreira política

Cabo Daciolo ficou conhecido ao liderar um movimento grevista no Corpo de Bombeiros, em 2011. Na época, chegou a ser preso por nove dias e excluído da corporação. Segundo ele, o período no cárcere fez com que despertasse a vontade de lutar por melhores condições no sistema prisional.

Em 2014, foi eleito deputado federal pelo PSOL. Mas acabou entrando em rota de colisão com as lideranças do partido após defender a inocência dos PMs presos acusados de participar da tortura e morte do pedreiro Amarildo de Souza, que desapareceu em 2013 da favela da Rocinha.

Em 2015, foi expulso do PSOL após propor emenda para alterar a Constituição. Ele queria substituir o trecho "todo poder emana do povo" para "todo poder emana de Deus".

Na última eleição à Presidência da República, em que o ex-deputado obteve 1,3 milhão de votos e ficou em sexto lugar, ficando à frente de antigos quadros políticos como Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB).