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Moro encontra Leite e diz ter conversado sobre "união do centro"

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

02/04/2022 11h40Atualizada em 02/04/2022 15h40

Após uma semana marcada por movimentações políticas, o ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) se encontrou na manhã de hoje com o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) na cidade de São Paulo.

Leite e Moro tentam emplacar seus nomes para representar a terceira via liderando uma chapa presidencial em uma negociação que envolve o MDB, PSDB e União Brasil.

Além de Leite e Moro, participam das discussões sobre a terceira via o ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e a senadora Simonte Tebet (MDB). Ciro Gomes (PDT), com candidatura consolidada, não participa dessas discussões.

Por enquanto, apenas Moro emitiu uma nota após o encontro e disse ter conversado com Leite sobre a "necessidade de união do centro".

"Conversei com Eduardo Leite sobre o momento político do país e sobre a necessidade de união do centro que está sendo liderada no União Brasil por Luciano Bivar", escreveu o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública. Bivar é presidente do União Brasil, partido que surgiu após uma junção dos antigos DEM e PSL.

A assessoria de imprensa de Eduardo Leite afirmou ontem que a agenda era "reservada". Nenhum dos dois políticos divulgou horário ou local do encontro.

Ontem, Moro também se encontrou com Tebet. O assunto, escreveu o ex-juiz nas redes sociais, também foi uma "união do centro".

"Democratas não podem se conformar com os autocratas Lula/Bolsonaro. Precisamos da indignação e do apoio de todos os brasileiros de bem", publicou.

Movimentações da semana

A conversa entre Moro e Leite se dá depois de uma semana marcada por movimentos políticos arriscados. O ex-juiz, antes filiado ao Podemos, mal assinou a ficha de filiação no União Brasil e já travou uma briga pública com representantes importantes da legenda, especialmente com o ex-prefeito de Salvador e candidato ao governo da Bahia ACM Neto, que lidera um movimento pela impugnação da filiação do ex-juiz.

A ambição política de Moro se tornou um problema. Ele havia afirmado ter desistido "neste momento" de ser candidato à Presidência. O União Brasil afirma ter combinado com Moro um projeto estadual para São Paulo, sendo permitida uma candidatura a deputado estadual, federal e, "eventualmente", ao Senado, não à Presidência.

Moro, um dia depois, veio a público dizer que não desistiu de nada e que não será deputado federal. Há setores no partido que não descartam sua candidatura à Presidência.

Já Leite, mesmo derrotado internamente em seu partido, trava uma luta interna no PSDB com a expectativa de conseguir desbancar João Doria (PSDB), ex-governador de São Paulo, e ser candidato a presidente.

Após vencer Leite nas prévias partidárias, Doria convive com a sombra do ex-governador do Rio Grande do Sul e tentou colocar um ponto final no embate nesta semana. Ele cogitou desistir da corrida presidencial e permanecer no governo do estado, sem passar o bastão ao vice, Rodrigo Garcia (PSDB), e ameaçando explodir uma costura política construída há três anos.

O objetivo de Doria era incomodar o PSDB e exigir um posicionamento do partido. O presidente nacional do partido, Bruno Araújo, emitiu uma carta afirmando que era ele o escolhido do partido para o Planalto.

As próximas semanas serão de negociações nos partidos da terceira via. A missão do setor, a partir de agora, será conciliar interesses políticos de cada partido envolvido na negociação em torno de um candidato que se colocará em oposição a Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) na disputa pelo Palácio do Planalto.

Na semana que vem, em Brasília, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, deve se reunir com Baleia Rossi, presidente do MDB, Luciano Bivar, presidente do União Brasil, e Roberto Freire, presidente do Cidadania, que se juntou em uma federação com o PSDB. A ideia é, justamente, começar as negociações pelo nome da terceira via.