6 governadores renunciam para disputar eleições; saiba quem assume
No dia 2 de abril passado, seis meses antes das eleições de outubro, foi a data-limite para que governadores que pretendam concorrer a outro cargo eletivo renunciem para entrar na corrida eleitoral. A regra vale, por exemplo, para quem já cumpre o segundo mandato e não pode disputar a reeleição. Alguns prefeitos também saíram para concorrer a governos.
Contudo, os dias que antecederam a desincompatibilização foram marcados por idas e vindas que bagunçaram o tabuleiro.
Na quinta-feira (31), João Doria (PSDB) ameaçou ficar no governo de São Paulo e desistir da corrida à Presidência, mas voltou atrás no final do dia. Em 23 de maio, ele desistiu definitivamente, sem apoio interno no próprio partido, e disse que não concorreria a nenhum cargo legislativo.
Apesar de também ser tucano, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, comunicou no começo da semana que deixa o cargo, mantendo uma possível candidatura à Presidência em suspenso e o PSDB em crise.
Além deles, anunciaram a renúncia governadores de quatro estados nordestinos com o objetivo de concorrer a vagas no Senado: Camilo Santana (PT-CE), Flávio Dino (PSB-MA), Wellington Dias (PT-PI) e Renan Filho (MDB-AL).
Rui Costa, governador da Bahia, foi considerado para sair pelo Senado, mas desistiu para ceder a vaga a outro concorrente.
Já Reinaldo Azambuja, de Mato Grosso do Sul, não vai concorrer a nenhum cargo, então cumprirá o mandato até o final. Em Pernambuco, ainda não foi decidido o futuro de Paulo Câmara. Os partidos têm até o dia 5 de agosto para escolher seus candidatos nas convenções.
Mauro Carlesse (PSL), governador do Tocantins, deixou o posto no começo de março, mas sua motivação não foi eleitoral, e sim um processo de impeachment que corria contra ele na Assembleia estadual. Assumiu seu vice, Wanderlei Barbosa (Republicanos), que vai disputar a reeleição —e portanto não precisa deixar o cargo.
Confira, a seguir, quem renuncia e quem assume em cada estado:
São Paulo - João Doria (PSDB)
O governador paulista deixou o posto para seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB), que vai tentar se reeleger em outubro com o apoio de vários partidos que integram a busca pela terceira via.
Garcia foi deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo e acumulava o cargo de secretário de Governo, enquanto era vice de Doria. Em 2021, depois de 27 anos, saiu do Democratas para se filiar ao PSDB.
Rio Grande do Sul - Eduardo Leite (PSDB)
Já tendo se manifestado contra a reeleição, Leite anunciou que renunciava ao cargo no dia 29 de março. Na mesma ocasião, disse que não deixaria o PSDB, mantendo seu futuro político em aberto, já que, mesmo com a renúncia, pode disputar o governo, se quiser, ou sair candidato ao Senado. Por enquanto, seu partido afirma que o candidato à Presidência é Doria.
Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) assume o governo gaúcho. Ele foi delegado da Polícia Civil por mais de 20 anos e, enquanto vice, acumulou também a função de secretário de Segurança Pública. Antes disso, assumiu o mesmo cargo no município de Canoas e foi chefe da Polícia Civil durante o governo de Tarso Genro (PT) no estado.
Ceará - Camilo Santana (PT)
Reeleito no primeiro turno das eleições de 2018 em uma votação histórica, em que levou 79,95% dos votos válidos, Camilo deixará o governo do Ceará antes da hora para sair candidato ao Senado.
O governo cearense ficará nas mãos de Izolda Cela (PDT), cuja posse está marcada para hoje. Ela será a primeira mulher a governar o estado.
Professora e psicóloga, ela foi subsecretária de Desenvolvimento da Educação em Sobral desde 2001 e, entre 2007 e 2014, foi secretária de Educação estadual.
Piauí - Wellington Dias (PT)
O governador do Piauí já deixou o posto na quinta-feira (30) depois de cumprir quase quatro mandatos como chefe do Executivo local. Ele foi governador entre 2003 e 2010 e depois a partir de 2014. Seu plano agora é sair candidato a senador.
Em seu lugar assumiu Maria Regina Sousa (PT), sua vice na chapa eleita. Negra e ex-quebradeira de coco, ela é também a primeira mulher a governar o Piauí, aos 71 anos. Professora de francês da UFPI (Universidade Federal do Piauí), é uma das fundadoras da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do PT no estado. Ela já herdou a cadeira de Wellington Dias anteriormente, quando ele deixou o Senado para disputar o governo, em 2014.
Maranhão - Flávio Dino (PSB)
Também de olho no Senado, Dino publicou no começo da semana em suas redes sociais uma carta ao povo do Maranhão, agradecendo pelos sete anos em que esteve à frente do Executivo estadual. No ano passado, trocou o PCdoB, partido pelo qual foi eleito duas vezes, pelo PSB, justamente para lançar sua candidatura ao Legislativo.
Hoje (2), ele passa o comando do governo para seu vice, Carlos Brandão (PSB), que deve concorrer à reeleição em outubro. Deputado federal por dois mandatos, Brandão também trocou de legenda, deixando o PSDB para ter o apoio do PT na sucessão.
Alagoas - Renan Filho (MDB)
Último a deixar o governo para concorrer ao Senado, Renan Filho deve ser substituído pelo presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), o desembargador Klever Loureiro.
Isso porque seu vice, Luciano Barbosa (MDB), foi eleito prefeito de Arapiraca nas eleições de 2020. O próximo na linha sucessória, que seria o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (MDB), não quis assumir o cargo para se candidatar à reeleição. Uma eleição suplementar deve acontecer em até 30 dias depois da formalização da renúncia.
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