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Alvaro Dias: Desgaste de Moro pode ser irreversível e mostra inexperiência

Carolina Freitas

Colaboração para o UOL

05/04/2022 10h22

O senador Alvaro Dias (Podemos) disse hoje, durante entrevista ao UOL News, um dia após revelar que aceitaria Sergio Moro (União Brasil) de volta ao seu partido, que o ex-juiz e ex-ministro da Justiça já está desgastado na política.

"Talvez esse desgaste revele a inaptidão dele [Moro] na atividade política. É um desgaste irreversível, talvez. Nós não podemos deixar de reconhecer que as manobras efetuadas não tiveram a afinidade que a política exige".

Dias afirmou também que considera o modelo político brasileiro atual uma promiscuidade.

"Ele é sustentado por um fundão eleitoral que é devastador, que sobrepõe ideias, projetos e bandeiras que os partidos devem sustentar. Estamos vivendo um retrocesso inimaginável. Talvez seja este o pior momento. Nós estamos atrelados ao atraso. Isso me obriga, como político, a pedir perdão para a população brasileira", desabafou.

Ainda segundo o senador, Sergio Moro foi atraído para um partido maior, que era o seu desejo desde o ano passado.

"Houve um convite em dezembro. Ele quase aceitou, mas teve uma resistência. Agora nós o liberamos", afirmou. "Entendemos que se o desejo dele é uma estrutura maior, ele deveria ir. Eu continuo a acreditar que é possível sustentar a atividade pública em projetos e princípios".

O senador disse que chegou a alertar o ex-juiz de que sua mudança para o partido União Brasil, na sua avaliação, seria um equívoco.

"Eu entendi que a busca de uma estrutura maior tinha por objetivo dar competitividade à sua candidatura. Ele imaginava que no Podemos não teria condições de ser indicado como candidato no centro democrático. Eu o alertei: 'Olha, aí há um equívoco. No União Brasil há forte rejeição'. Agora comprovadamente ele não é mais candidato. Portanto, sepultou o sonho de ser presidente da República."

Senado

Ao comentar a troca de partido de Moro, o senador disse que sempre deixou claro para o ex-juiz que caso desse tudo errado, ele ofereceria sua vaga para o Senado do Paraná.

"Eu ofereci o meu lugar a ele. Ele não precisou me pedir isso, Moro nunca exigiu. Eu disse que se tudo desse errado, meu lugar estaria à disposição".

Por fim, Dias disse não acreditar que uma candidatura denominada "terceira via" tenha algum êxito para a disputada da Presidência da República:

"Parece que a polarização está consagrada. Temos o dever de oferecer alternativas à sociedade. Mesmo que as dificuldades sejam visíveis, uma mudança no cenário atual é o nosso dever. O ideal seria que todas as correntes do pensamento político brasileiro pudessem ser representadas."