Brasil tem menor número de jovens com título de eleitor desde 2004
Apesar dos esforços do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e de celebridades como a cantora Anitta, o engajamento de jovens no processo eleitoral vive uma baixa histórica. O Brasil terminou o mês de março com 1,05 milhão de pessoas de 16 e 17 anos com título, o que equivale a 17,32% da população nessa faixa etária.
O número é o menor registrado para março desde 2004, quando os levantamentos do TSE passaram a ser mensais. A menos de um mês da data-limite para regularização do título, prazo que vence no dia 4 de maio, mais de 5 milhões de jovens de 16 e 17 anos não têm o documento.
Em 1992, três décadas atrás, o TSE contabilizava 3,2 milhões de eleitores de 16 e 17 anos, mais do que o triplo de hoje. Àquela época, porém, a base da pirâmide etária brasileira era mais larga, ou seja, o número de jovens no país era maior do que hoje.
O recorde negativo atual, contudo, permanece mesmo quando se consideram números proporcionais. Em março de 2004, primeiro ano da série histórica analisada pelo UOL, havia 2,66 milhões de eleitores de 16 e 17 anos para uma população de 7,17 milhões nessa faixa etária, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Àquela época, portanto, a taxa de engajamento dos menores de idade no processo eleitoral era de 37,09%, ou seja, pelo menos um em cada três jovens de 16 e 17 anos estava com título. Hoje, dez eleições depois, a proporção caiu para 17,32%, o que significa menos de um documento emitido para cada cinco adolescentes.
Distanciamento
Consultado pelo UOL, o TSE citou o envelhecimento da população como um dos motivos para a queda do número absoluto de eleitores jovens, mas também deu outras duas explicações: o tipo de eleição e a pandemia.
Conforme observou o tribunal, o comparecimento às urnas costuma aumentar, de forma geral, em anos de eleições municipais, que têm personagens mais próximos da população.
"Candidatos a prefeito e a vereador estão, em geral, mais conectados ao cotidiano do eleitor, o que provoca um engajamento mais consistente em todas as idades", explica Diogo Cruvinel, analista do TSE e membro da Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político).
Uma análise dos números (veja gráfico acima) mostra que, de fato, o número de jovens registrados tende a crescer em anos de pleito municipal e cair em anos de eleição geral, como agora, quando o eleitor vota para presidente, governador, senador, deputado federal e estadual.
A pandemia, segundo o TSE, também atrapalhou a mobilização. O projeto Eleitor do Futuro, que leva palestras e outras atividades de participação política às escolas, acabou suspenso devido à crise sanitária e ainda não foi retomado.
Em março, o tribunal promoveu a semana do jovem eleitor, um mutirão de divulgação e emissão de títulos para quem pretende votar neste ano pela primeira vez. Como resultado, o número de menores de idade com título saltou de 835 mil, no final de fevereiro, para 1,05 milhão no final de março. O aumento, todavia, não foi suficiente para repor as perdas históricas.
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