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Doria apoia Meirelles vice em SP, encontra ACM e tenta deslanchar campanha

João Doria - ISAAC FONTANA/ESTADÃO CONTEÚDO
João Doria Imagem: ISAAC FONTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

Carla Araújo e Tales Faria

Colunistas do UOL, em Brasília

06/04/2022 15h35Atualizada em 06/04/2022 17h18

O ex-governador João Doria (PSDB) vai dar início a sua pré-campanha à Presidência na Bahia, nesta quinta-feira (7), em um encontro com lideranças políticas locais e já tem agendado um jantar com um pré-candidato ao governo estadual, o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil).

Após um abalo na relação dos dois, Doria será recebido por ACM em um jantar que tem como objetivo viabilizar palanques ao tucano no estado e tentar angariar apoio para que ele seja o escolhido para liderar a chamada terceira via.

O encontro foi articulado pelo ex-ministro de Michel Temer Antônio Imbassahy (PSDB-BA), que foi secretário de Doria, e pelo deputado federal Adolfo Viana (PSDB-BA), que deve ser o vice na chapa de ACM ao governo.

Ainda patinando nas pesquisas eleitorais (com cerca de 2% das intenções de votos nos principais levantamentos), Doria tem dito a aliados que o único caminho para enfrentar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula é uma união entre PSDB, União Brasil e MDB.

Doria, que tem preferido chamar o bloco de "a via da esperança", já admite, no entanto, que os partidos têm até, no máximo, o início de junho para que os nomes dessa chapa estejam definidos. Se não houver acordo entre as legendas neste prazo, o tucano diz que não haverá força para enfrentar Bolsonaro e Lula.

A avaliação feita por tucanos ligados a Doria é que a campanha deste ano será "curta, competitiva e suja", mas se o grupo da terceira via conseguir uma saída, a partir de 15 de agosto, com o início oficial da campanha, há chances de uma candidatura competitiva para quebrar a polarização.

Chama o Meirelles

Enquanto define as agendas pelo país, Doria tenta também acertar as arestas em São Paulo. Depois do desgaste do episódio em que ameaçou desistir de deixar o governo e abandonar a disputa à Presidência, o ex-governador quer refazer a relação com o Rodrigo Garcia, que assumiu o governo de São Paulo, e concorrerá à reeleição.

Doria tem afirmado que quer ajudar na campanha de seu sucessor e, para isso, apoiou a escolha do ex-ministro Henrique Meirelles (União Brasil), que deixou a secretaria da Fazenda de São Paulo, para a vaga de vice de Garcia.
O acordo foi costurado por Garcia e Meirelles e foi visto como positivo por aliados de Doria.

A avaliação do ex-governador é que a escolha de Meirelles para ser vice do tucano tem potencial de ajudar na aliança entre as legendas e ajudar as campanhas. Meirelles deixou o PSD e se filiou ao União Brasil no último dia da janela partidária, mas já avisou a aliados que desistiu da ideia de concorrer ao Senado pelo estado de Goiás.

Humanização do candidato

Auxiliares do ex-governador paulista têm destacado que a rejeição de Doria nas pesquisas vem caindo nos últimos meses e apostam em suas viagens pelo país para quebrar a resistência a Doria.

Há o reconhecimento de que o tucano precisa passar por uma espécie de 'humanização', já que hoje há uma rejeição a "pessoa física", que tem uma imagem "coxinha", e não ao político, que deve usar cases bem-sucedidos de sua gestão em São Paulo, como as compras de vacinas, para diminuir a resistência.

Justamente para mostrar esse lado mais humilde e humano de Doria é que ele desembarcará amanhã na cidade de Rio das Contas (BA), terra natal de seu pai. A ideia seria dar um tom mais sentimental ao candidato.