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Queiroga provoca Lula e diz que governo é contra aborto; Bolsonaro concorda

Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo

08/04/2022 17h16Atualizada em 08/04/2022 20h44

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, rebateu, de forma indireta, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse que o governo Bolsonaro é contra o aborto. Nesta tarde, durante outro evento em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul (RS), o presidente Jair Bolsonaro (PL) reiterou a declaração: "Nós [governo] somos contra o aborto no Brasil".

"Nesta semana, um assunto veio à baila. Para deixar bem clara a posição do nosso governo: o governo do presidente Jair Bolsonaro é contra o aborto. Respeitamos as exceções da lei, mas estamos a favor da vida desde a sua concepção", disse o ministro da Saúde.

A declaração de Queiroga foi feita em um evento em Bagé, no RS, no qual o ministro acompanhava obras para inclusão de radioterapia na Santa Casa do município. Bolsonaro estava presente, acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e do vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos). Mais tarde, na cidade gaúcha de Passo Fundo, também com a presença de Queiroga, o chefe do Executivo reiterou a declaração do ministro.

A temática do aborto veio à tona nesta semana após Lula defender que o assunto deveria ser de saúde pública e que todos deveriam ter direito ao procedimento. Após repercussão negativa em alguns setores, o petista se corrigiu, dizendo que era pessoalmente contra o aborto, mas que, mesmo assim, o assunto deveria ser uma pauta de saúde.

O ex-presidente argumentou que o aborto aconteceria de qualquer forma, mas que as mulheres ricas teriam acesso pleno à saúde, diferentemente de mulheres pobres. Para o petista, seria, portanto, obrigação do Estado acolher essas mulheres de baixa renda.

Bolsonaro já admitiu que aborto é decisão da mulher

Antes de imaginar que um dia seria presidente e iria usar a proibição ao aborto como plataforma política, ele também expôs o que pensava sobre o tema e admitiu que já tinha vivido uma situação na qual discutiu a possibilidade do aborto. Essa entrevista é tão relevante para a família que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chegou a citá-la no livro "Mito ou verdade", uma biografia que ele escreveu de Jair Bolsonaro. Em entrevista à revista Istoé Gente, em 2000, Bolsonaro foi perguntado se era favorável ao aborto e o então deputado federal sequer mencionou que deveria ser proibido.

- E sobre a legalização do aborto?

- Tem que ser uma decisão do casal.

- O senhor já viveu tal situação?

- Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó - disse, apontando para um retrato de Jair Renan, que à época tinha cerca de 1 ano e meio.

Questionado pela Folha sobre o aborto, em 2018, Bolsonaro manteve a resposta que deu à Istoé Gente, em 2000. "Não compete ao outro lado", o do homem, dizer se a mulher deve ou não interromper uma gravidez. "Vamos supor que eu tenho um relacionamento contigo. Você quer o aborto." Bolsonaro afirmou, então, que caberia à repórter definir o que fazer nesse caso.