A empresários, Doria diz que prioridade é com pobres, e não classe média
O ex-governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, João Doria, disse hoje em um almoço com dezenas de empresários que pretende "conquistar o povo" e não governar para a "classe média". Ele também criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Doria discursou e foi sabatinado por empresários em um evento do grupo Lide, do qual é um dos fundadores, em um hotel em São Paulo, na tarde desta segunda-feira (11). Ele frisou em diversos momentos que se tornou um "liberal-social".
O primeiro a fazer perguntas ao tucano foi Luiz Fernando Furlan, um dos diretores do grupo Lide. Ele foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do primeiro mandato de governo de Lula.
Furlan ressaltou a insatisfação da classe média com o aumento do IPVA (Imposto Sobre Propriedades de Veículos Automotores) e perguntou a Doria como conquistar os votos desses eleitores. Pesquisa Datafolha divulgada em 24 de março mostrou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ganhou espaço em setores da classe média.
Doria rebateu a pergunta: "Com todo respeito à classe média, mas o que nós precisamos conquistar é o povo. O povo é que vai eleger o próximo presidente da República Federativa do Brasil. O povo é que não tem dinheiro não para pagar o IPVA, não tem dinheiro para andar de ônibus, Furlan, quanto mais para comprar um automóvel".
Nesse momento, a fala do ex-governador foi cortada por uma falha no microfone. Luiz Furlan, então, ironizou: "Você começou a falar mal da classe média, tá vendo, cortou o microfone seu". Doria, retomando o áudio do microfone, negou que tenha falado mal do setor.
"A preocupação prioritária de um governo é com os mais pobres. Não podemos ter a preocupação prioritária com os mais ricos", disse.
Na sequência, criticou Lula: "Eu não defendo o que Lula defende, que é tirar dos ricos, onerar os ricos, para favorecer os pobres. Eu defendo que os pobres tenham oportunidade de se tornarem ricos", afirmou o ex-governador.
Terceira via
O ex-governador afirmou, durante a sabatina, que trabalha no diálogo e com "humildade" para viabilizar uma candidatura na chamada terceira via.
Doria tem travado uma disputa interna dentro da aliança do PSDB, MDB e União Brasil pela escolha de um único nome como alternativa a Bolsonaro e Lula nas eleições de outubro. Ciro Gomes (PDT) também mira neste espaço, mas não participa das negociações dos partidos.
Em determinado ponto de seu discurso, disse não ter "motivação pessoal, sequer partidária" para disputar o pleito. "Eu só estou nesse projeto, não por vontade pessoal, sequer por vontade partidária, felizmente não dependo da política".
Questionado por um empresário sobre como impulsionar uma candidatura em oposição ao ex-presidente e a Bolsonaro, Doria brincou: "Você está vendo a terceira via aqui na sua frente. Está usando o microfone agora". Ele voltou a chamar a chapa de "via da esperança".
"Liberal-social"
O evento com Doria teve clima de pré-campanha. No hotel Unique, na zona oeste da capital, onde Lide reuniu dezenas de empresários para a sabatina com o ex-governador. Em 18 de fevereiro, o grupo empresarial realizou um debate entre candidatos que também se posicionam na "terceira via", em oposição a Jair Bolsonaro e Lula — ambos foram os alvos nos discursos de Sergio Moro (União Brasil), Simone Tebet (MDB) e Luiz Felipe D'Ávila (Novo). Doria não compareceu nessa ocasião.
O ex-prefeito da capital foi elogiado tanto por Furlan como por Celia Pompeia, vice-presidente-executiva do Grupo Doria (grupo empresarial fundado pelo ex-governador) em suas falas de abertura do almoço. Em seu discurso, Doria abriu dizendo que não é "ladrão". "Não sou ladrão, não roubo dinheiro público. Eu combato ladrões".
Sua recente viagem à Bahia, em clima de pré-campanha, também foi lembrada por um dos empresários e arrancou risos da plateia. Um dos convidados brincou com o ex-governador sobre o vídeo em que ele aparece dançando "com uma morena". Doria corrigiu: "Não, era uma senhora".
Seu discurso, que durou pouco mais de 20 minutos, citou índices econômicos do estado de São Paulo em tom crítico ao governo de Jair Bolsonaro. "Não teremos um posto ipiranga, que faliu, que fechou, que não funcionou", disse Doria. Bolsonaro se referia a Paulo Guedes, ministro da Economia, como "posto ipiranga".
Foi nesse contexto em que se posicionou algumas vezes como um "liberal-social", dizendo aos empresários presentes que "o governo não pode ser omisso com os mais pobres".
O ex-governador sempre que possível tem usado como estratégia defender os programas sociais de sua gestão à frente do governo paulista, como o Bom Prato e o Bolsa do Povo, lançado durante a pandemia e voltado para atender pessoas em extrema pobreza.
Ao final, o tucano exibiu um vídeo também em tom de campanha política — o mesmo material exibido no Palácio dos Bandeirantes quando anunciou sua renúncia ao governo e passou o comando do estado a Rodrigo Garcia (PSDB).
João Doria saiu sem falar com a imprensa.
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