Ex-banqueiro vê 'escravidão' em condições do trabalho informal no Brasil
O ex-banqueiro e economista Eduardo Moreira falou hoje ao UOL Entrevista que vê como "escravidão" as condições do trabalho e a informalidade no Brasil. Ele citou como exemplo a rotina das empregadas domésticas, que ficam à disposição dos patrões, mesmo em dias e horários que deveriam ser de descanso.
"A gente mora num país onde as empregadas domésticas ainda trabalham de segunda a domingo dormindo na casa que já vem com um depósito [quarto de empregada] para elas. Elas estão à disposição do patrão de 6h até às 00h, na maior parte das vezes na informalidade e talvez ganhando menos que um salário mínimo. Isso não é parecido com a escravidão, isso é a escravidão em 2022".
Moreira cita ainda que as leis têm que ser firmes e é preciso garantir o acesso à Justiça do Trabalho. "No Brasil hoje em dia se tem alguém que nasce entre os mais pobres, por exemplo, uma pessoa que tem 55 anos e perdeu o emprego, ela não tem mais onde trabalhar e agora também não tem a aposentadoria".
Ex-banqueiro critica meritocracia
Crítico do ministro da Economia, Paulo Guedes, o ex-banqueiro diz que, na cabeça do chefe da pasta, se você é pobre no Brasil, é só trabalhar e se esforçar que conseguirá chegar em algum lugar. Para ele, "é ignorância" pensar em meritocracia em um país desigual.
"É uma turma que conhece muito pouco sobre o que acontece 'na terra batida', no chão de fábrica. É ignorância mesmo", declarou.
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