A sindicalistas, Lula propõe nova lei trabalhista e reforma tributária
O ex-presidente Lula (PT) declarou hoje que irá revogar a reforma trabalhista e criar uma nova legislação se for eleito presidente, em outubro. Em encontro com as maiores centrais sindicais do país, ele criticou o centrão e falou também em reforma tributária.
O evento, realizado em auditório lotado no centro de São Paulo, é o primeiro grande encontro de Lula, pré-candidato ao Planalto, com diversas lideranças sindicais. Indicado a vice da chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) também estava presente e elogiou o companheiro de chapa.
Não adianta falar: 'Vamos mudar tudo e voltar ao que era antes'. Não! Nós queremos melhorar. Ter uma legislação trabalhista à realidade atual. Não queremos voltar para 1943, queremos fazer um acordo em função da realidade dos trabalhadores em 2023.
Ex-presidente Lula, em evento com sindicalistas
O assunto foi debatido na reunião do diretório nacional do PT ontem, que aprovou a coligação com o PSB, e a revogação foi incluída na proposta de programa de governo que o partido deverá apresentar aos colegas de federação: PCdoB e PV.
O documento fala em revogação da reforma trabalhista, mas a expectativa dentro do PT é que seja criada uma nova legislação trabalhista, sem os pontos que eles consideram "mais prejudiciais aos trabalhadores".
"Eles tentaram achar uma solução com o trabalho intermitente, fazendo com que o trabalhador não tenha direito", criticou o ex-presidente sobre um dos principais pontos aprovados na reforma trabalhista aprovada durante o governo Michel Temer (MDB). Ele citou os trabalhadores de aplicativo e debochou do termo "empreendedor".
"Sempre disse que o emprego é uma coisa sagrada. Quando a gente tem carteira assinada, estabilidade social, previdência social, parece que a gente está no céu. Agora, tem muita gente desempregada", continuou Lula.
No microfone, as lideranças sindicais se revezaram para falar das dificuldades de emprego nos diferentes setores —todos eles críticos à reforma.
"Temos que ir para as ruas para dizer que essa reforma trabalhista é indigesta e tem de ser revogada", gritou o presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Adilson Gonçalves de Araújo.
Lula também esboçou um projeto de reforma tributária com recorte de taxação progressiva em relação à renda. "Quem ganha mais, tem que pagar mais. Uma reforma tributária que não permita que o trabalhador que ganha R$ 3.000, R$ 4.000 pague esse tanto de imposto que paga ou que vai pro banco e para o banqueiro", afirmou o presidente.
Crítica ao centrão
Lula criticou o centrão, que o apoiou nos oito anos em que esteve à frente do Palácio do Planalto, e disse que é necessário eleger uma grande bancada de deputados e senadores "para fazer as mudanças necessárias". "É preciso ter muitos companheiros comprometidos com aquilo que vocês pensam para que a gente possa mudar", afirmou.
Porque, se vocês conseguirem eleger um presidente da República e um vice e só elegerem uma pequena parte dos deputados, a gente vai chorar e o centrão vai continuar fazendo o orçamento secreto e vai continuar fazendo com que o dinheiro seja revertido para quem menos precisa.
Lula, em evento com sindicalistas
Maior líder popular do país, diz Alckmin
Alckmin também falou brevemente, antes de Lula, a quem chamou de "o maior líder popular do país".
A coligação entre PT e PSB e a indicação do ex-tucano à vice de Lula foi aprovada ontem pelo diretório nacional do PT por 68 votos a favor e 16 contra.
A grande aliança que Lula vem formando, inclusive entre outras lideranças que também articularam pelo impeachment, como o ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), tem sido um ponto polêmico na campanha de Lula.
O PT e o próprio presidente têm assumido o discurso de que é preciso união ampla para evitar um "mal maior", que seria a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Sob esse discurso de "democracia contra fascismo", PT e PSB também lançaram a chapa de Lula com Alckmin.
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