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Presidente do PSDB sai de campanha de Doria e expõe racha no partido: "Ufa"

31.mar.2022 - João Doria (PSDB) e o presidente do PSDB, Bruno Araújo, durante evento no Palácio dos Bandeirantes - Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo
31.mar.2022 - João Doria (PSDB) e o presidente do PSDB, Bruno Araújo, durante evento no Palácio dos Bandeirantes Imagem: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

15/04/2022 15h50

Em meio a um racha no PSDB, o presidente nacional da sigla, Bruno Araújo, foi retirado da campanha presidencial do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) e expôs publicamente a desavença com Doria.

No Twitter, Araújo compartilhou uma reportagem sobre sua saída da campanha e reagiu com "Ufa!". "Comando que nunca fiz questão de exercer. Aliás, ele sabe as circunstâncias em que e o porque "aceitei" à época. Aliás, objetivo cumprido!", escreveu.

O anúncio da remoção de Bruno Araújo foi feito hoje pela manhã pelo PSDB. Em seu lugar, Doria colocou Marco Vinholi, presidente do diretório estadual de São Paulo do PSDB e ex-secretário do Desenvolvimento Regional da gestão de Doria no governo paulista.

O argumento de Doria para saída do presidente do partido de sua campanha é que, "em recentes manifestações durante entrevistas e encontros empresariais, relativizou a candidatura de Doria - que venceu democraticamente as prévias do partido em novembro. Essa postura, considerada pouco agregadora, motivou a decisão".

Crise no ninho tucano

Há uma briga interna no PSDB por quem será o candidato à Presidência da aliança política dos tucanos com MDB, União Brasil e Cidadania — a chamada "terceira via".

O posto é disputado por Doria, Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul, e Simone Tebet (MDB). O problema é que Doria tem encontrado resistência ao seu nome como candidato dentro do próprio partido, tendo de lidar com a sombra de Eduardo Leite que, mesmo derrotado nas prévias do partido para Doria, renunciou ao cargo de governador para tentar ser o candidato da aliança, desbancando o ex-governador paulista.

O clima entre Araújo e Doria começou a azedar desde que João Doria ameaçou não denunciar ao governo de São Paulo e desistir de ser candidato à Presidência, implodindo uma costura política feita há três anos. O movimento foi lido pelos membros do partido como um "truco" do então governador para ter apoio irrestrito do PSDB.

O grupo adversário do governador de São Paulo, reunido em torno do ex-governador Eduardo Leite, entendeu o gesto do paulista como uma "faca no pescoço" da direção nacional, que se viu obrigada a divulgar uma carta dizendo que Doria será seu nome na disputa pelo Palácio do Planalto. O grupo contrário a Doria tem líderes tucanos como o deputado federal Aécio Neves (MG) e o ex-senador José Aníbal (SP).

A mensagem assinada por Bruno Araújo, presidente da sigla, no entanto, buscava primeiramente debelar a rebelião que começava a se formar em São Paulo, onde os aliados de Rodrigo Garcia (PSDB), agora governador de São Paulo, falavam em deixar o PSDB.

A situação piorou quando, no início da noite da quinta-feira (31), o próprio Doria sugeriu que a manobra tratou-se de uma estratégia para pressionar o PSDB a assumir um compromisso público em torno de sua pré-candidatura e criticou Leite.

"Eu sentia era a necessidade de ter um apoio explícito do meu partido que foi dado pelo Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB. Uma carta incontestável, agora não dá para nenhum outro imaginar que pode surrupiar ou pode copiar as prévias do PSDB. Prévias significam democracia e partidos devem seguir a democracia. Agora estou tranquilo", disse Doria após evento de renúncia ao cargo de governador.

Mesmo assim, Bruno Araújo deu sinalizações de que o fato de Doria ser o candidato do PSDB à Presidência não significava que seria ele o nome escolhido em parceria com os outros partidos para liderar a terceira via.

Na última semana, a empresários, Araújo disse que a aliança pela terceira via é maior do que as prévias do PSDB, que Doria venceu.