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PSDB tem que defender sua democracia, diz novo líder de campanha de Doria

João Doria e Marco Vinholi - Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
João Doria e Marco Vinholi Imagem: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

Do UOL, em São Paulo

15/04/2022 20h12

O novo coordenador da pré-campanha de João Doria (PSDB), Marco Vinholi (PSDB), disse hoje que o partido tem que defender internamente sua democracia. Vinholi, que é ex-secretário do Desenvolvimento Regional da gestão Doria, assumiu a liderança na campanha do ex-governador paulista após a saída do presidente do PSDB, Bruno Araújo, da função.

Em entrevista à CNN Brasil, Vinholi afirmou que o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite terá "muito sucesso" no partido respeitando o regime da sigla.

"Entendo a importância de Eduardo Leite dentro do PSDB. Acho que terá uma trajetória ainda muito grande, de muito sucesso dentro do partido, mas evidentemente que respeitando a democracia partidária. Um partido que quer defender a democracia no Brasil tem que defender internamente sua democracia", afirmou Vinholi, que é presidente do diretório estadual do PSDB em São Paulo.

Questionado sobre a escolha de um único nome para a terceira via, em aliança partidária com MDB, União Brasil e Cidadania, o ex-secretário disse que o nome de Doria é o que está colocado na mesa pelo PSDB.

"Hoje, institucionalmente, o nome que está colocando na mesa com os outros partidos é de João Doria, que venceu as previas partidárias pelo PSDB e tem esse direito. Entendo que isso é ponto pacífico".

Em meio a um racha no PSDB, o presidente nacional da sigla, Bruno Araújo, foi retirado da campanha presidencial do ex-governador de São Paulo e expôs publicamente a desavença com Doria.

No Twitter, Araújo compartilhou uma reportagem sobre sua saída da campanha e reagiu com "Ufa!". "Comando que nunca fiz questão de exercer. Aliás, ele sabe as circunstâncias em que e o porque "aceitei" à época. Aliás, objetivo cumprido!", escreveu.

O argumento de Doria para saída do presidente do partido de sua campanha é que, "em recentes manifestações durante entrevistas e encontros empresariais, relativizou a candidatura de Doria - que venceu democraticamente as prévias do partido em novembro. Essa postura, considerada pouco agregadora, motivou a decisão".

Ufa! Comando que nunca fiz questão de exercer. Aliás, ele sabe as circunstâncias em que e o porque "aceitei" à época. Aliás, objetivo cumprido! https://t.co/me2ze0II04

-- Bruno Araújo (@BrunoAraujo456) April 15, 2022

Crise no ninho tucano

Há uma briga interna no PSDB por quem será o candidato à Presidência da aliança política dos tucanos com MDB, União Brasil e Cidadania — a chamada "terceira via".

O posto é disputado por Doria, Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul, e Simone Tebet (MDB). O problema é que Doria tem encontrado resistência ao seu nome como candidato dentro do próprio partido, tendo de lidar com a sombra de Eduardo Leite que, mesmo derrotado nas prévias do partido para Doria, renunciou ao cargo de governador para tentar ser o candidato da aliança, desbancando o ex-governador paulista.

O clima entre Araújo e Doria começou a azedar desde que João Doria ameaçou não denunciar ao governo de São Paulo e desistir de ser candidato à Presidência, implodindo uma costura política feita há três anos. O movimento foi lido pelos membros do partido como um "truco" do então governador para ter apoio irrestrito do PSDB.

O grupo adversário do governador de São Paulo, reunido em torno do ex-governador Eduardo Leite, entendeu o gesto do paulista como uma "faca no pescoço" da direção nacional, que se viu obrigada a divulgar uma carta dizendo que Doria será seu nome na disputa pelo Palácio do Planalto. O grupo contrário a Doria tem líderes tucanos como o deputado federal Aécio Neves (MG) e o ex-senador José Aníbal (SP).

A mensagem assinada por Bruno Araújo, presidente da sigla, no entanto, buscava primeiramente debelar a rebelião que começava a se formar em São Paulo, onde os aliados de Rodrigo Garcia (PSDB), agora governador de São Paulo, falavam em deixar o PSDB.

A situação piorou quando, no início da noite da quinta-feira (31), o próprio Doria sugeriu que a manobra tratou-se de uma estratégia para pressionar o PSDB a assumir um compromisso público em torno de sua pré-candidatura e criticou Leite.

"Eu sentia era a necessidade de ter um apoio explícito do meu partido que foi dado pelo Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB. Uma carta incontestável, agora não dá para nenhum outro imaginar que pode surrupiar ou pode copiar as prévias do PSDB. Prévias significam democracia e partidos devem seguir a democracia. Agora estou tranquilo", disse Doria após evento de renúncia ao cargo de governador.

Mesmo assim, Bruno Araújo deu sinalizações de que o fato de Doria ser o candidato do PSDB à Presidência não significava que seria ele o nome escolhido em parceria com os outros partidos para liderar a terceira via.

Na última semana, a empresários, Araújo disse que a aliança pela terceira via é maior do que as prévias do PSDB, que Doria venceu.