Sergio Moro: 'Posso não concorrer a nada. Não vivo da política'
Após anunciar a troca de partidos —do Podemos para o União Brasil—, o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro admitiu hoje que pode ficar fora e "não concorrer a nada" nas eleições deste ano. A declaração foi durante entrevista de Moro à CNN Brasil, nesta quarta-feira (20).
Olha, tudo é possível. Me coloquei naquela situação, aqui, que todos os pré-candidatos à Presidência da República deveriam se colocar: a de desprendimento. A gente tem que construir um cenário de união para que possamos vencer os extremos. Então, não está descartada nenhuma situação. Eu posso inclusive não concorrer a nada. Não vivo da política. Eu voltei [ao Brasil] para ajudar na construção de algo que possa vencer esses extremos políticos. Sergio Moro, em entrevista à CNN Brasil
Filiado ao União Brasil no fim de março, Moro vinha deixando claro que ainda mirava a candidatura à presidência. Ele, que era pré-candidato do Podemos ao cargo, trocou de partido e declarou que deixou seu nome "à disposição", mas que a escolha seria da legenda. O partido, por sua vez, diz que o ex-ministro faria parte de um "projeto do Estado de São Paulo", sinalizando uma candidatura ao Congresso.
Durante a entrevista, Moro justificou sua saída do Podemos, disse ter dado um "passo atrás" para permitir a união da chamada "terceira via" e afirmou que o seu plano, agora, é a formação de uma estratégia para escapar dessa "armadilha", referindo-se a opções de candidatos antagônicos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Moro também se esquivou da pergunta sobre a qual cargo pretende se lançar, caso seja candidato nas eleições, e se definiu como um "soldado da democracia".
A gente via essa dificuldade de articulação desse centro. Acho que é importante ter esse centro democrático como forma de enfrentar esses dois extremos. E qual era o cenário que eu assistia: ninguém cedia, todo mundo dizia 'eu, eu, eu, eu'. Ninguém admitia ser vice. Então, eu fiz um gesto de me colocar um passo para trás para permitir esse centro. E isso está sendo conduzido pelo Luciano Bivar O meu plano, agora, é esse plano nacional para escapar dessa armadilha. Ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro
Apesar do entusiasmo no início de sua pré-candidatura, ainda no ano passado, o nome de Moro não conseguiu decolar nas últimas pesquisas. Aparecia na terceira posição e rivalizava com Ciro Gomes (PT), bem atrás de Lula e Bolsonaro.
Saída conturbada do Podemos
Nos quase cinco meses em que ele esteve no Podemos, o partido disse ter desembolsado cerca de R$ 3 milhões com o ex-juiz, em cálculo que inclui o pagamento de salários mensais de R$ 22 mil brutos, R$ 210 mil no evento de filiação e R$ 600 mil em uma pesquisa qualitativa de intenção de voto.
Em nota, a presidente do Podemos, Renata Abreu, revelou ressentimento com a saída de Moro e disse que o partido havia oferecido estrutura e recursos para a futura campanha.
"Para a surpresa de todos, tanto a Executiva Nacional quanto os parlamentares souberam via imprensa da nova filiação de Moro, sem sequer uma comunicação interna do ex-presidenciável", disse a deputada, na ocasião.
Sobre a saída de Moro do Podemos, o ex-juiz lamentou a situação e argumentou que teria críticas ao partido.
"Eu tenho as minhas razões para sair. Eu poderia ventilar aqui uma série de críticas ao partido, mas acho que isso não seria apropriado. Então eu deixo essas razões um pouco de lado. E, na avaliação que eu fiz, esse movimento era necessário. Lamento todos os dissabores que geraram ao Podemos, mas essa decisão que tomei - não em vista da minha pessoa - foi em vista de um projeto maior. Caminhamos juntos enquanto era possível. Tem uma ou outra pessoa que reclama [no partido], mas eles sabem muito bem os motivos da minha saída", disse Moro, nesta quarta.
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